segunda-feira, 26 de junho de 2017

Pra quem tá querendo saber, vim contar as novidades! Hoje, faz exatamente um mês que eu me mudei pra Lençóis, na Chapada Diamantina... eu passei no concurso de cartório aqui da Bahia e já tava decidida a largar tudo e ir para onde eu “tivesse” que ir, qualquer comarca... mas nem nos meus sonhos mais lindos eu pensei que ficaria num lugar tão maravilhoso... sinto como se eu fosse daqui e sempre tivesse vivido aqui... 
Viver perto da natureza é a melhor coisa que eu pude fazer por mim até hoje... Me sinto livre, iluminada e muito mais consciente do que realmente é importante para viver...
A minha vida agora foge totalmente da realidade urbana e exaustiva que eu tinha em BH.... aqui eu tenho acesso ao que é realmente um luxo, que é viver ao ar livre, sem a violência das cidades, a comida que vem de hortas saudáveis, frutas frescas, água pura e cristalina, tomar banho de rio todo dia, sol todo dia....
A dependência exagerada do dinheiro sempre foi uma pedra no meu sapato. O lance de trabalhar pra pagar contas, trabalhar mais porque as contas aumentaram, ganhar mais porque precisa-se de mais e precisar custa caro, sempre foi pra mim como correr atrás do próprio rabo. Hoje, mesmo tendo um cargo publico, um bom salário, e estabilidade, o dinheiro já não é tão importante... e nem faz tanta diferença... Tô me acostumando a não me preocupar mais com o preço e sim com o valor que as coisas tem... Tenho plena consciência de que este é um caminho longo, mas sem a pedra no sapato fica mais fácil caminhar.
Ainda tudo novidade, mas sempre carregada da certeza da minha escolha, parece que sempre pertenci a essa vida e a esse lugar... As mudanças vêm vindo com calma e respeitando o meu tempo de adaptação, esse processo tem sido uma delícia para mim. E por falar nisso, muita gente tem me feito perguntas sobre algumas coisinhas dessa mudança, respondo algumas delas nesse textinho e agradeço pelas mensagens lindas que tenho recebido!
A vida sempre me presenteou com gente linda enfeitando todos os cantos pelos quais passei! É como se nesse processo doido de preencher as linhas do caderno em branco que nasci fosse encontrando palavras e desenhos que se encaixam e vão construindo a minha história. Muitas delas me deram conforto, interrogações, alegria, amor. Outras ainda moram em mim pelo incômodo, pela forma como foram espelho e me fizeram descobrir coisas escondidas. Na intensa missão de não ser uma ilha, é válido levar na mala uma dose de atenção e coragem para entender como, quando e porque as pessoas me completam.
Outra coisa que eu peguei gosto aqui foi plantar e entender essa combinação da natureza e o tempo Rei transformando aquela semente minúscula numa planta imensa e cheia de vida...
No meu cartório, sim, agora ele é meu... as pessoas não são mais um número, cada pessoa é realmente uma pessoa;e eu posso dizer que eu sei o que cada uma delas foi fazer ali naquele lugar burocrático... outro dia fiz uma certidão de nascimento para uma senhora de quase 70 anos... é muito louco pensar que tem tanta gente que não sabe nem o dia do próprio aniversário, mas que sabe tanto, tanto e tanto de várias outras coisas que são bem mais importantes.... 
A vida por aqui traz exercícios diários de adaptação e, confesso orgulhosa, que estou me saindo muito bem em vários deles. Coisas simples como separar e reaproveitar o lixo, trocar detergente por sabão de coco, cuidar das plantas, tem sido uma delícia e uma pergunta: porque eu não fazía isso antes?
O conflito continua igual: o corpo querendo voar mundo afora e o coração sem sair do lado de quem se ama e quer bem.