quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

Precisava de um tempo sozinha. 
Aquele tempo onde nada nem ninguém pudessem me perturbar.
Era o momento de estar em mim. 
Reviver, repensar, refazer roteiros e me distrair com a rotina.  
Um tempo bom eu diria. 
Tão bom que talvez estivesse adaptada totalmente a ele.
Como quando a gente muda de cidade, acha tudo estranho e de repente se dá conta que aquele lugar é todo seu, é a sua cara, tem o seu jeito.
 
Então quando tudo estava certo, surge algo inesperado.   
Algo que te faz descobrir sentimentos, emoções, e idéias.
Algo que te faz pensar várias vezes sobre o rumo da vida. 
É estranho, mas de repente, tão rápido, eu estava ali, inteiramente disposta a começar, a fazer novos planos, a viver algo completamente diferente.  
A sensação é que a cidade não mudou em nada. 
Só passou a ser mais bonita.

sábado, 4 de fevereiro de 2012

Ter que tolerar o silêncio, o meu silêncio, o seu, enquanto o mundo lá fora caminha e gira. 
Ter que seguir sem querer virar página, e não ter que virar, e essa vontade quase sem limite de insistir no que já foi... 
Querer o que sempre pensei que não ia querer nunca mais, e lamentar que o que quero talvez nem seja real. 
Te querer quase sem pensar, quase sem razão. 
Ficar atormentando a pobre da memória com culpas, procurando um indício, qualquer pista que me indique um erro, o meu erro, o seu, o nosso. 
Sentir raiva mesmo sem sentir. 
Não entender que lugar foi esse que eu ocupei, que eu ocupo pra você. 
Confundir o real com o possível. 
Tentar entender o que foi e o que não foi, culpar o tempo, a distância, o medo, a sua conduta toda errada. 
Não querer desacreditar, não aceitar que tudo se acabou. 
Impedir que a gente fosse como os outros, que a gente fosse como todo mundo, que a gente fosse comum, que a gente também fosse possível de acabar.
Na dúvida de como reagir, decidi virar de costas, fechar os olhos, respirar fundo e permitir que ele fosse guiado pelos próprios passos, pelo próprio coração. 
Vou deixar ele ser esquecido e ser somente mais um habitante da minha memória esquecida, de lembranças minhas. 
Vou observar ele daqui de longe enquanto promete coisas pra si e nada mais. 
Vou deixar ele acreditar em palavras vazias, em outros olhos, e que ele se lembre de mim com carinho e consideração, como se fosse verdade, como se fosse alguma coisa um pouco mais que isso tudo que não importa mais...
Vou fazer com que a gente exista de longe, como duas coisas que justamente por serem tão longes não foram capazes de existir.