quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

Primeiras impressões da África.

Existe um pensamento no Brasil de que o rumo do país seria melhor se fossemos colonizados pela Inglaterra ou pela Holanda, que de fato quase nos colonizou. Mas desde que cheguei aqui na África do Sul, vejo que há controvérsias a esse pensamento. 
A África do Sul foi colonizada pelos holandeses, que criaram o apartaide, uma política de segregação de raças, que é nojenta e vergonhosa. 
Pra mim essa política foi um capítulo tão triste na história da humanidade quanto o nazismo.
Vieram muitos portugueses pra África do Sul, e aqui há muitas homenagens para os navegadores portugueses como o Vasco da Gama, pois foram os primeiros a cruzarem o cabo da Boa Esperança.
Mas na época do apartaide, os portugas eram considerados brancos de segunda categoria só porque se misturavam com os negros.
Viver em uma cidade que cresceu na época da segregação, é bem estranho, bairro de branco, bairro de negro, de indiano e etc.....o apartaide acabou há só 15 anos, muito pouco tempo historicamente, as coisas estão mudando, mas sempre imagino um negro, um indiano da minha idade, que há 15 anos atrás viveu sobre esse regime, tendo acesso as piores escolas, aos piores hospitais, áreas de lazer restritas só por causa da cor...
Vivenciando tudo isso, mesmo com todos problemas que o Brasil tem, dá um orgulho muito grande de ser brasileiro, graças a Deus não tivemos uma política racial. Tivemos a escravidão que também foi horrível, mas assim que ela acabou, perante a lei todos eram iguais, e sem hipocrisia. É claro que há racismo no nosso país, um racismo implícito, e acredito que por ser implícito existe um senso comum de que não é boa coisa, geração após geração a consciência vai se transformando e evoluindo.
Então...
Viva a mistura!
Viva a diversidade!

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Pensamentos escritos há anos são capazes de revelar mudanças...

Às vezes tiro um tempinho pra reler uns textos antigos.
Meus ou de outras pessoas.
Uns contos, posts, cartas e e-mails enviados e recebidos, anotações de viagens, ou as coisas que eu escrevo no caderno em alguma aula chata.
É engraçado como reler um texto é como aquela famosa citação daquele filósofo grego que diz que um homem nunca se banha duas vezes no mesmo rio.
O homem não é o mesmo, nem o rio.
O texto não muda seu curso, como o rio.
As palavras são as mesmas, não se renovam como a água.
Mas a gente muda tanto, que o texto pode ser interpretado de formas diferentes, conforme o curso da nossa vida.
Reler textos próprios é uma viagem pessoal e ainda mais reveladora.
Se deparar com os próprios pensamentos, escritos há anos pode revelar mudanças e semelhanças.
Ambas deliciosamente perturbadoras.

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Pressa...

Tenho pressa de viver, sentir e tomar todas as decisões erradas que eu posso...
Os meus impulsos se tornam realidade só de passarem pela minha cabeça.
Passei um tempão tendo calma e cuidado pra reconstruir a imagem (que eu achava) que tinha... Não que isso fosse importante...
Mas ser bem vista pelas ruas tem sua graça e faz bem para o coração dos meus pais...
Um tempo de pura calmaria na minha vida, sem caos...
Mas o foda é que eu sou um problema prestes a acontecer:
Porque eu quase não perco as oportunidades... 
moral e os bons costumes não me abalam...
E sinceramente eu acho a vida muito curta pra essas preocupações!
Ai chega uma hora que a vida pede pra que você se decida, que tome a sua devida posição diante dela:
Ou você é a atriz principal ou é a coadjuvante!
A vida (e as pessoas) me fizeram ver que eu não fui feita para o tradicional, não sei ser assim assado...
Não sei, não soube e não saberei ser assim, manipulada...
Já colhi as minhas tempestades, agora estou só espalhando as sementes por aí e esperando que elas germinem pra eu poder colher os frutos...
E os problemas... ah! deixa que eles venham! 
Podem vir todos de uma vez só!
Sou boa nisso...
Administrar o caos e todos os probleminhas derivados dele!
E até mesmo os problemas que as pessoas me dão, até eles ultimamente me divertem bastante.

Concluindo...

Aprendi que no final das contas sou sempre eu contra eu mesma.
E embora eu tenha muitos amigos, na hora do aperto, só eu posso me ajudar.
Entendi que os amores nunca morrem.
Os amores mudam pra poder viver, alguns diminuem enquanto outros só aumentam.

Acho então que achei o caminho...
Mas já o perdi...
Porque futuro é muito incerto...
Já entendi que eu não posso me deixar aprisionar.
Senão, eu explodo...
E após uma explosão, é muito complicado voltar a ser a mesma de antes...
E o mais importante:
O importante é invisível sim...
Mas o problema é que por ser invisível aos olhos, ele se perde muito facilmente.

A origem da minha doença, hoje é o remédio.

Não sei explicar de quem foi a culpa...
Só sei que a vida fez o que quis de mim e depois me deixou virada do avesso...
Mas foi ai que eu ganhei força.
A loucura e o egoísmo passaram, e ai ficou só uma saudadezinha bem de leve daquela fase.
E foi a partir dai que eu aprendi a lição, a ser mais serena com meus sentimentos e com as minhas atitudes... 
Eu amei menos, e ai me cuidei mais, vivi mais, trabalhei mais, viagei mais... e conheci pessoas...
Aprendi com o tempo, que pra gostar de alguém, primeiro eu precisava gostar de mim!
Deixar viver, respirar e principalmente: respeitar.
E agora não sinto mais aquela doença, e nem nada daquela neura que lembre o que eu fui um dia.
Só sinto que tenho que aproveitar os bons momentos e ser feliz!
E mesmo sendo isso a origem da minha doença inicial, hoje é o remédio. 

domingo, 12 de dezembro de 2010

Acho que mudar faz parte da vida, embora a essência seja sempre a mesma...

Aos poucos eu fui deixando de escutar certas músicas, de usar certas roupas e de estar com certas pessoas. Acho que mudar faz parte da vida, embora a essência seja sempre a mesma.
Agora quando encontro algum obstáculo grande na vida, não desanimo, passo logo por cima.
Porque com o tempo ele se tornará pequeno.
Não porque diminuiu,
mas porque eu cresci.

Hoje eu acordei assim...

É tudo porque hoje eu acordei assim, dona de mim.
É que ontem eu simplesmente dormi sem pensar em nada; sem lembrar de mais nada além de uns momentos bons...
E foi assim que eu sonhei, sonhei antes mesmo de fechar os olhos.
Sabe, é que hoje tinha um rosto em cada esquina, uma vida em cada rosto, cada olhar brilhava de um jeito diferente e eu descobri que eu podia ver tudo de um jeito novo.
E hoje eu não culpei ninguém pelos meus problemas.
Nem me deixei esquecer dos meus méritos.
Hoje, eu acordei e era somente eu de novo.
Por que isso?
É que, bem, eu não sei muito bem quando, eu me esqueci de você!

Bicho esquisito...

A felicidade é um bicho esquisito mesmo...
Ela conversa através do toque, e toca o coração da gente que nem abraço, gostoso e quente, fazendo brotar sorrisos. 
O problema é que o chato do tempo vive a perseguir a felicidade e ela, não pensa duas vezes, vive a se esconder...
E a gente, que nem pensa muito sobre essas coisas de tempo, temos dificuldade de entender que não é preciso ir atrás da felicidade, é só deixar a porta aberta pra ela, que ela vem passear na nossa casa.


Passou este verão... outros passarão, eu passo.

Eu reinvento, como o vento, aprendo a passar...
Nunca fui uma pessoa muito certinha com nada.
Muitas vezes não soube separar o "certo" do "errado" e isso, eu juro, não é culpa minha.
Aliás, não é culpa de ninguém.
Já tentei andar olhando pro chão e seguindo uma linha imaginária, mas eu sempre desviava, assim como me desviei de todas meus pseudo princípios...
Uma vez, alguém me perguntou se me teria pra sempre e eu concordei, como quem quer dizer que sim e, pra surpresa de todos (menos a minha), não era verdade.
No momento eu acho até que era, mas hoje não é mais.
E são essas incertezas diárias que me fazem não acreditar em mais nenhuma palavra que eu fale...
Na minha cabeça há bem mais que planos, e agora eu me pergunto pra quê eles servem, se em quase todos os casos não podemos ou não temos coragem de torná-los reais?
Estou aqui para dizer que, se eu não correspondi às suas expectativas, me desculpe.
Mas já citei que a culpa não é minha?

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Ando devagar pq já tive pressa...

Eu estou deixando, fingindo que não é comigo, mentindo que é tudo normal.
Sempre consegui superar os gigantescos tombos que me dei.
Mas agora vou mais devagar.
E sabe?
Eu simplesmente ainda não sei pra onde eu tô indo...
Mas mesmo assim eu sigo, sem saber pra que canto ir.

e foi assim que eu fugi de você pela última vez...

E foi aí que eu redescobri as cartas à moda antiga e passei a te escrever porque eu ainda tinha umas coisas pra te falar, umas dúvidas pra resolver e umas dores para expulsar de mim.
Minhas cartas eram grandes, eram abstratas, eram complicadas e pra falar a verdade eram até desnecessárias, mas eu precisava.
Depois de pensamentos inacabados e folhas rasuradas você me descobriu sentadinha no café 3 corações.
Não entendi de onde saia aquele seu sorriso transparecendo tanta felicidade, ninguém pode fingir tão bem assim, era mesmo felicidade e eu só queria que você caísse morto por estar tão feliz enquanto eu perdia minhas noites escrevendo esses sentimentos entreabertos.
Enquanto achava um motivo pra não te encarar, perguntava se você tava bem, dobrava o jornal, acendia um cigarro, tudo ao mesmo tempo, via você organizando suas coisas e pedindo seu pão de queijo com aquela naturalidade de sempre.
Olhei pro chão e vi o tênis que eu te dei e que você dizia gostar tanto e quando percebi que não era o mesmo cadarço quase morri de ciúme e quis saber, quem havia trocado a porra do cadarço, no mesmo instante em que eu pensava nisso, você perguntava se eu gostava do seu novo cadarço e como eu ia fingir que ainda não tinha percebido eles ali, disse que eram bonitos e você respondeu que havia acabado de comprar.
Alívio, em saber que pelo menos ninguém tinha mexido no presente de aniversário que eu te dei.
E como um banho quente aquilo tudo me confortou e me veio a idéia de que talvez ninguém mais tivesse estado com vc depois de mim e eu realmente quis que fosse assim, ah, eu queria que a última imagem que você tivesse de mim fosse a daquela noite em que brigamos, mas rimos muito mais que brigamos. E eu percebi que como sempre havia desviado toda a minha atenção do que ocorria e voltei a te olhar, mas já não tinha mais nada pra falar e me perguntava se um dia eu te entregaria aquelas cartas, e o q vc pensaria ao ler aquilo tudo... mas eu não queria assumir minha fraqueza em não conseguir te deixar ir. Ai paguei minha conta, disse que gostaria de te encontrar mais vezes, mesmo sabendo que queria na verdade que você desaparecesse da minha vida e saí andando e rindo porque se eu não risse, você sabe, eu ia chorar, o que não podia mais acontecer, era um novo trato comigo mesma, então eu ia rindo e foi assim que fugi de você pela última vez querendo, na verdade, correr para a sua casa e me esconder embaixo da sua cama.

Mania de...

ficar feliz quando recebo a atenção de alguém que admiro,
gostar de elogios vindos de quem realmente importa,
gostar dos presentes, mas sinceramente preferir a intenção,
querer ser a razão dos telefonemas de alguém e achar que o importante msm é viver de pequenas atitudes,
gostar de aproveitar o calor, de comer devagar mesmo estando sempre atrasada... mas quem não está?
colocar o fone de ouvido só pra afastar desconhecidos e às vezes achar agradável saber de histórias novas,
ligar o som do carro antes de por o cinto,
desligar do resto do mundo quando leio,
sentar no chão pra folhear o jornal,
ir ao cinema sozinha,
escolher sempre o mesmo sorvete,
tentar entender a razão de enjoarmos do outro, mesmo quando este nos parecia insubstituível,
insistir em acreditar que as pessoas mudam.

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Felicidade.

A mudança de rotina nem sempre é boa, nem sempre é suave, e nem sempre chega como a gente quer.
Ando desligada do mundo.
Desligada da mente.
Desligada de mim. 
Tanta coisa já não importa mais.
Tanta coisa ficou para trás. 
Hoje descobri que o acaso não existe e que tudo, tudinho sempre esteve preparado pra mim. 
A felicidade pode sim ser passageira, mas nunca deixará de ser FELICIDADE.

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Sobre as linhas do papel.

Eu não quero mais contar o passar dos anos...
Agora eu coleciono os capítulos da vida...
E na maioria deles eu tô de boa, bem leve...
Mas em outros eu sofro como a protagonista de uma novela... e até me perco numa maré de azar e tristeza...
As linhas da minha vida não são as do rosto...
São as do papel...
Eu não perco a memória,
Apenas transformo alguns trechos que insistem em se esconder de mim em folhas em branco.
Outro dia arranquei as páginas de um capítulo, mas me arrependi logo depois...
Porque por mais que não as quisesse mais, elas são uma parte de eu mesma.

Aos 25 anos de casado deles.

Ele não existiria sem o entusiasmo e o brilho dos olhos dela.
E nem ela sem ele, sem aqueles olhinhos tranquilos que pousavam sempre sobre os seus.
Se eles não fossem um par, uma dupla, dois, não haveria tanta tranquilidade, tantas conversas, tantos boleros, tantos passos de dança de salão, dois filhos...
Talvez a vida ia passar num silêncio monótono...
Sem ela, não haveria quem o desvendasse,
E sem ele, não haveria quem a acalmasse nas noites de angústia, insônia e longas conversas...
Ela acreditava,
E por isso ele acreditou.
Sem ela, ele não seria quem é...
Parabéns à vcs, pelas bodas de prata!

Carta de Cuba

Pai e mãe,
Quando vocês receberem esta carta, provavelmente já saberão de tudo o que está escrito aqui. A moça do correio me garantiu que a correspondência demora no mínimo 30 dias para chegar.
Cuba é foda!
Em Cuba é tudo mais complicado. Principalmente as notícias.
Mas relaxem que até lá, terei telefonado pra vocês ou quem sabe, se tiver sorte eu mando até um email (aqui Internet é censurada, cs sabem como é...)
Mesmo assim resolvi escrever essa carta, vcs sabem que eu sempre gostei de escrever no papel... 
Pra mim as cartas são uma substância pura do esforço e da essência de quem as escreve...
Lembrei do quanto eu gostava de escrever cartas pros meus amigos nos tempos que a gente ainda nem tinha computador em casa, e decidi escrever pra vocês.
Enviar pelo correio um pouquinho da minha “essência”, só para matar as saudades msm.
Cuba é inexplicável...
Hoje passeamos por Havana Vieja, fomos no Malecón, ai vi esse cartão p/vender, achei bonito e decidi escrever a carta nele...
Caminhei até aqui, tô tomando um solzinho e fingindo que esse ventinho não me incomoda.
As crianças daqui fazem a maior bagunça e o mais incrível, é que, apesar de falarem espanhol, o burburinho é igual o do Brasil. Idêntico! São os mesmos barulhos, barulho de susto, os mesmos espantos, a mesma felicidade incontrolável e aquela surpresa de constante com a vida, que só elas têm...
Ver todas essas famílias felizes me fez pensar na gente. Lembra dos almoços de todo dia?
Sempre algum papo engraçado da vida alheia... algum comentário engraçado...
Queria congelar cada cena dessas, como numa foto. Guarda-las  numa caixinha, pra abrir toda vez que me sinto assim, meio longe daí.
Beijos da
Filhota

“Eta mundo velho, né, minha filha?”.

Nesse último domingo fui em Bonfim visitar a minha vó...
A gente ficou sentada na varanda e ela olhava pro nada com uma cara de saudade... 
Me lembrei de quando eu e meus primos pintamos o tamburete com uma tinta verde...
Agora, a cor se descolava da madeira, denunciado a distância daquele tempo...
Deitei no colo dela e ela fez o cafuné de sempre. Quando ela pôs as mãos sobre as minhas, percebi a quantidade de linhas que a sua pele branquinha adquirira.
Minha avó estava envelhecendo rápido.
Senti medo de perdê-la, e ao mesmo tempo quis agradecê-la por tudo...
Mas não falei nada. A gente tem uma cumplicidade que nos permite o não dizer de palavras.
Basta uns gestos, uns olhares, uns sorrisos e um silêncio para uma saber o que se passa com a outra.
Um passarinho piou ali pertinho da gente, e o vento levou umas folhas secas que tavam caídas no quintal...
Ai ela suspirou e me disse: “Eta mundo velho, né, minha filha?”.