quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

Primeiras impressões da África.

Existe um pensamento no Brasil de que o rumo do país seria melhor se fossemos colonizados pela Inglaterra ou pela Holanda, que de fato quase nos colonizou. Mas desde que cheguei aqui na África do Sul, vejo que há controvérsias a esse pensamento. 
A África do Sul foi colonizada pelos holandeses, que criaram o apartaide, uma política de segregação de raças, que é nojenta e vergonhosa. 
Pra mim essa política foi um capítulo tão triste na história da humanidade quanto o nazismo.
Vieram muitos portugueses pra África do Sul, e aqui há muitas homenagens para os navegadores portugueses como o Vasco da Gama, pois foram os primeiros a cruzarem o cabo da Boa Esperança.
Mas na época do apartaide, os portugas eram considerados brancos de segunda categoria só porque se misturavam com os negros.
Viver em uma cidade que cresceu na época da segregação, é bem estranho, bairro de branco, bairro de negro, de indiano e etc.....o apartaide acabou há só 15 anos, muito pouco tempo historicamente, as coisas estão mudando, mas sempre imagino um negro, um indiano da minha idade, que há 15 anos atrás viveu sobre esse regime, tendo acesso as piores escolas, aos piores hospitais, áreas de lazer restritas só por causa da cor...
Vivenciando tudo isso, mesmo com todos problemas que o Brasil tem, dá um orgulho muito grande de ser brasileiro, graças a Deus não tivemos uma política racial. Tivemos a escravidão que também foi horrível, mas assim que ela acabou, perante a lei todos eram iguais, e sem hipocrisia. É claro que há racismo no nosso país, um racismo implícito, e acredito que por ser implícito existe um senso comum de que não é boa coisa, geração após geração a consciência vai se transformando e evoluindo.
Então...
Viva a mistura!
Viva a diversidade!

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Pensamentos escritos há anos são capazes de revelar mudanças...

Às vezes tiro um tempinho pra reler uns textos antigos.
Meus ou de outras pessoas.
Uns contos, posts, cartas e e-mails enviados e recebidos, anotações de viagens, ou as coisas que eu escrevo no caderno em alguma aula chata.
É engraçado como reler um texto é como aquela famosa citação daquele filósofo grego que diz que um homem nunca se banha duas vezes no mesmo rio.
O homem não é o mesmo, nem o rio.
O texto não muda seu curso, como o rio.
As palavras são as mesmas, não se renovam como a água.
Mas a gente muda tanto, que o texto pode ser interpretado de formas diferentes, conforme o curso da nossa vida.
Reler textos próprios é uma viagem pessoal e ainda mais reveladora.
Se deparar com os próprios pensamentos, escritos há anos pode revelar mudanças e semelhanças.
Ambas deliciosamente perturbadoras.

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Pressa...

Tenho pressa de viver, sentir e tomar todas as decisões erradas que eu posso...
Os meus impulsos se tornam realidade só de passarem pela minha cabeça.
Passei um tempão tendo calma e cuidado pra reconstruir a imagem (que eu achava) que tinha... Não que isso fosse importante...
Mas ser bem vista pelas ruas tem sua graça e faz bem para o coração dos meus pais...
Um tempo de pura calmaria na minha vida, sem caos...
Mas o foda é que eu sou um problema prestes a acontecer:
Porque eu quase não perco as oportunidades... 
moral e os bons costumes não me abalam...
E sinceramente eu acho a vida muito curta pra essas preocupações!
Ai chega uma hora que a vida pede pra que você se decida, que tome a sua devida posição diante dela:
Ou você é a atriz principal ou é a coadjuvante!
A vida (e as pessoas) me fizeram ver que eu não fui feita para o tradicional, não sei ser assim assado...
Não sei, não soube e não saberei ser assim, manipulada...
Já colhi as minhas tempestades, agora estou só espalhando as sementes por aí e esperando que elas germinem pra eu poder colher os frutos...
E os problemas... ah! deixa que eles venham! 
Podem vir todos de uma vez só!
Sou boa nisso...
Administrar o caos e todos os probleminhas derivados dele!
E até mesmo os problemas que as pessoas me dão, até eles ultimamente me divertem bastante.

Concluindo...

Aprendi que no final das contas sou sempre eu contra eu mesma.
E embora eu tenha muitos amigos, na hora do aperto, só eu posso me ajudar.
Entendi que os amores nunca morrem.
Os amores mudam pra poder viver, alguns diminuem enquanto outros só aumentam.

Acho então que achei o caminho...
Mas já o perdi...
Porque futuro é muito incerto...
Já entendi que eu não posso me deixar aprisionar.
Senão, eu explodo...
E após uma explosão, é muito complicado voltar a ser a mesma de antes...
E o mais importante:
O importante é invisível sim...
Mas o problema é que por ser invisível aos olhos, ele se perde muito facilmente.

A origem da minha doença, hoje é o remédio.

Não sei explicar de quem foi a culpa...
Só sei que a vida fez o que quis de mim e depois me deixou virada do avesso...
Mas foi ai que eu ganhei força.
A loucura e o egoísmo passaram, e ai ficou só uma saudadezinha bem de leve daquela fase.
E foi a partir dai que eu aprendi a lição, a ser mais serena com meus sentimentos e com as minhas atitudes... 
Eu amei menos, e ai me cuidei mais, vivi mais, trabalhei mais, viagei mais... e conheci pessoas...
Aprendi com o tempo, que pra gostar de alguém, primeiro eu precisava gostar de mim!
Deixar viver, respirar e principalmente: respeitar.
E agora não sinto mais aquela doença, e nem nada daquela neura que lembre o que eu fui um dia.
Só sinto que tenho que aproveitar os bons momentos e ser feliz!
E mesmo sendo isso a origem da minha doença inicial, hoje é o remédio. 

domingo, 12 de dezembro de 2010

Acho que mudar faz parte da vida, embora a essência seja sempre a mesma...

Aos poucos eu fui deixando de escutar certas músicas, de usar certas roupas e de estar com certas pessoas. Acho que mudar faz parte da vida, embora a essência seja sempre a mesma.
Agora quando encontro algum obstáculo grande na vida, não desanimo, passo logo por cima.
Porque com o tempo ele se tornará pequeno.
Não porque diminuiu,
mas porque eu cresci.

Hoje eu acordei assim...

É tudo porque hoje eu acordei assim, dona de mim.
É que ontem eu simplesmente dormi sem pensar em nada; sem lembrar de mais nada além de uns momentos bons...
E foi assim que eu sonhei, sonhei antes mesmo de fechar os olhos.
Sabe, é que hoje tinha um rosto em cada esquina, uma vida em cada rosto, cada olhar brilhava de um jeito diferente e eu descobri que eu podia ver tudo de um jeito novo.
E hoje eu não culpei ninguém pelos meus problemas.
Nem me deixei esquecer dos meus méritos.
Hoje, eu acordei e era somente eu de novo.
Por que isso?
É que, bem, eu não sei muito bem quando, eu me esqueci de você!

Bicho esquisito...

A felicidade é um bicho esquisito mesmo...
Ela conversa através do toque, e toca o coração da gente que nem abraço, gostoso e quente, fazendo brotar sorrisos. 
O problema é que o chato do tempo vive a perseguir a felicidade e ela, não pensa duas vezes, vive a se esconder...
E a gente, que nem pensa muito sobre essas coisas de tempo, temos dificuldade de entender que não é preciso ir atrás da felicidade, é só deixar a porta aberta pra ela, que ela vem passear na nossa casa.


Passou este verão... outros passarão, eu passo.

Eu reinvento, como o vento, aprendo a passar...
Nunca fui uma pessoa muito certinha com nada.
Muitas vezes não soube separar o "certo" do "errado" e isso, eu juro, não é culpa minha.
Aliás, não é culpa de ninguém.
Já tentei andar olhando pro chão e seguindo uma linha imaginária, mas eu sempre desviava, assim como me desviei de todas meus pseudo princípios...
Uma vez, alguém me perguntou se me teria pra sempre e eu concordei, como quem quer dizer que sim e, pra surpresa de todos (menos a minha), não era verdade.
No momento eu acho até que era, mas hoje não é mais.
E são essas incertezas diárias que me fazem não acreditar em mais nenhuma palavra que eu fale...
Na minha cabeça há bem mais que planos, e agora eu me pergunto pra quê eles servem, se em quase todos os casos não podemos ou não temos coragem de torná-los reais?
Estou aqui para dizer que, se eu não correspondi às suas expectativas, me desculpe.
Mas já citei que a culpa não é minha?

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Ando devagar pq já tive pressa...

Eu estou deixando, fingindo que não é comigo, mentindo que é tudo normal.
Sempre consegui superar os gigantescos tombos que me dei.
Mas agora vou mais devagar.
E sabe?
Eu simplesmente ainda não sei pra onde eu tô indo...
Mas mesmo assim eu sigo, sem saber pra que canto ir.

e foi assim que eu fugi de você pela última vez...

E foi aí que eu redescobri as cartas à moda antiga e passei a te escrever porque eu ainda tinha umas coisas pra te falar, umas dúvidas pra resolver e umas dores para expulsar de mim.
Minhas cartas eram grandes, eram abstratas, eram complicadas e pra falar a verdade eram até desnecessárias, mas eu precisava.
Depois de pensamentos inacabados e folhas rasuradas você me descobriu sentadinha no café 3 corações.
Não entendi de onde saia aquele seu sorriso transparecendo tanta felicidade, ninguém pode fingir tão bem assim, era mesmo felicidade e eu só queria que você caísse morto por estar tão feliz enquanto eu perdia minhas noites escrevendo esses sentimentos entreabertos.
Enquanto achava um motivo pra não te encarar, perguntava se você tava bem, dobrava o jornal, acendia um cigarro, tudo ao mesmo tempo, via você organizando suas coisas e pedindo seu pão de queijo com aquela naturalidade de sempre.
Olhei pro chão e vi o tênis que eu te dei e que você dizia gostar tanto e quando percebi que não era o mesmo cadarço quase morri de ciúme e quis saber, quem havia trocado a porra do cadarço, no mesmo instante em que eu pensava nisso, você perguntava se eu gostava do seu novo cadarço e como eu ia fingir que ainda não tinha percebido eles ali, disse que eram bonitos e você respondeu que havia acabado de comprar.
Alívio, em saber que pelo menos ninguém tinha mexido no presente de aniversário que eu te dei.
E como um banho quente aquilo tudo me confortou e me veio a idéia de que talvez ninguém mais tivesse estado com vc depois de mim e eu realmente quis que fosse assim, ah, eu queria que a última imagem que você tivesse de mim fosse a daquela noite em que brigamos, mas rimos muito mais que brigamos. E eu percebi que como sempre havia desviado toda a minha atenção do que ocorria e voltei a te olhar, mas já não tinha mais nada pra falar e me perguntava se um dia eu te entregaria aquelas cartas, e o q vc pensaria ao ler aquilo tudo... mas eu não queria assumir minha fraqueza em não conseguir te deixar ir. Ai paguei minha conta, disse que gostaria de te encontrar mais vezes, mesmo sabendo que queria na verdade que você desaparecesse da minha vida e saí andando e rindo porque se eu não risse, você sabe, eu ia chorar, o que não podia mais acontecer, era um novo trato comigo mesma, então eu ia rindo e foi assim que fugi de você pela última vez querendo, na verdade, correr para a sua casa e me esconder embaixo da sua cama.

Mania de...

ficar feliz quando recebo a atenção de alguém que admiro,
gostar de elogios vindos de quem realmente importa,
gostar dos presentes, mas sinceramente preferir a intenção,
querer ser a razão dos telefonemas de alguém e achar que o importante msm é viver de pequenas atitudes,
gostar de aproveitar o calor, de comer devagar mesmo estando sempre atrasada... mas quem não está?
colocar o fone de ouvido só pra afastar desconhecidos e às vezes achar agradável saber de histórias novas,
ligar o som do carro antes de por o cinto,
desligar do resto do mundo quando leio,
sentar no chão pra folhear o jornal,
ir ao cinema sozinha,
escolher sempre o mesmo sorvete,
tentar entender a razão de enjoarmos do outro, mesmo quando este nos parecia insubstituível,
insistir em acreditar que as pessoas mudam.

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Felicidade.

A mudança de rotina nem sempre é boa, nem sempre é suave, e nem sempre chega como a gente quer.
Ando desligada do mundo.
Desligada da mente.
Desligada de mim. 
Tanta coisa já não importa mais.
Tanta coisa ficou para trás. 
Hoje descobri que o acaso não existe e que tudo, tudinho sempre esteve preparado pra mim. 
A felicidade pode sim ser passageira, mas nunca deixará de ser FELICIDADE.

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Sobre as linhas do papel.

Eu não quero mais contar o passar dos anos...
Agora eu coleciono os capítulos da vida...
E na maioria deles eu tô de boa, bem leve...
Mas em outros eu sofro como a protagonista de uma novela... e até me perco numa maré de azar e tristeza...
As linhas da minha vida não são as do rosto...
São as do papel...
Eu não perco a memória,
Apenas transformo alguns trechos que insistem em se esconder de mim em folhas em branco.
Outro dia arranquei as páginas de um capítulo, mas me arrependi logo depois...
Porque por mais que não as quisesse mais, elas são uma parte de eu mesma.

Aos 25 anos de casado deles.

Ele não existiria sem o entusiasmo e o brilho dos olhos dela.
E nem ela sem ele, sem aqueles olhinhos tranquilos que pousavam sempre sobre os seus.
Se eles não fossem um par, uma dupla, dois, não haveria tanta tranquilidade, tantas conversas, tantos boleros, tantos passos de dança de salão, dois filhos...
Talvez a vida ia passar num silêncio monótono...
Sem ela, não haveria quem o desvendasse,
E sem ele, não haveria quem a acalmasse nas noites de angústia, insônia e longas conversas...
Ela acreditava,
E por isso ele acreditou.
Sem ela, ele não seria quem é...
Parabéns à vcs, pelas bodas de prata!

Carta de Cuba

Pai e mãe,
Quando vocês receberem esta carta, provavelmente já saberão de tudo o que está escrito aqui. A moça do correio me garantiu que a correspondência demora no mínimo 30 dias para chegar.
Cuba é foda!
Em Cuba é tudo mais complicado. Principalmente as notícias.
Mas relaxem que até lá, terei telefonado pra vocês ou quem sabe, se tiver sorte eu mando até um email (aqui Internet é censurada, cs sabem como é...)
Mesmo assim resolvi escrever essa carta, vcs sabem que eu sempre gostei de escrever no papel... 
Pra mim as cartas são uma substância pura do esforço e da essência de quem as escreve...
Lembrei do quanto eu gostava de escrever cartas pros meus amigos nos tempos que a gente ainda nem tinha computador em casa, e decidi escrever pra vocês.
Enviar pelo correio um pouquinho da minha “essência”, só para matar as saudades msm.
Cuba é inexplicável...
Hoje passeamos por Havana Vieja, fomos no Malecón, ai vi esse cartão p/vender, achei bonito e decidi escrever a carta nele...
Caminhei até aqui, tô tomando um solzinho e fingindo que esse ventinho não me incomoda.
As crianças daqui fazem a maior bagunça e o mais incrível, é que, apesar de falarem espanhol, o burburinho é igual o do Brasil. Idêntico! São os mesmos barulhos, barulho de susto, os mesmos espantos, a mesma felicidade incontrolável e aquela surpresa de constante com a vida, que só elas têm...
Ver todas essas famílias felizes me fez pensar na gente. Lembra dos almoços de todo dia?
Sempre algum papo engraçado da vida alheia... algum comentário engraçado...
Queria congelar cada cena dessas, como numa foto. Guarda-las  numa caixinha, pra abrir toda vez que me sinto assim, meio longe daí.
Beijos da
Filhota

“Eta mundo velho, né, minha filha?”.

Nesse último domingo fui em Bonfim visitar a minha vó...
A gente ficou sentada na varanda e ela olhava pro nada com uma cara de saudade... 
Me lembrei de quando eu e meus primos pintamos o tamburete com uma tinta verde...
Agora, a cor se descolava da madeira, denunciado a distância daquele tempo...
Deitei no colo dela e ela fez o cafuné de sempre. Quando ela pôs as mãos sobre as minhas, percebi a quantidade de linhas que a sua pele branquinha adquirira.
Minha avó estava envelhecendo rápido.
Senti medo de perdê-la, e ao mesmo tempo quis agradecê-la por tudo...
Mas não falei nada. A gente tem uma cumplicidade que nos permite o não dizer de palavras.
Basta uns gestos, uns olhares, uns sorrisos e um silêncio para uma saber o que se passa com a outra.
Um passarinho piou ali pertinho da gente, e o vento levou umas folhas secas que tavam caídas no quintal...
Ai ela suspirou e me disse: “Eta mundo velho, né, minha filha?”.

domingo, 28 de novembro de 2010

Na minha opinião pessoal, particular...

Eu acho que essa coisa da gente esperar o “homem certo”, sonhar com o casamento, é uma grande bobagem...
Amor não tem lugar, não divide espaço com instituição ou promessas religiosas...
Amor não é compromisso, não se promete...
Amor é algo que a gente tem que cuidar.
Ilumina a vida, sim, mas seu combustível é de fonte misteriosa...
Ele é rebelde, e mta gente tem medo de se se entregar a este sentimento indomável, imprevisível e misterioso, e ao mesmo tempo profundo e verdadeiro.
Amor tem que ser acima de tudo amigo.
Não curto esse amor meloso, prefiro a cumplicidade da amizade.
E o básico de uma relação é o companheirismo, o respeito...
A conquista que acontece a cada dia, em qq lugar onde o amor se fizer urgente...

Delete.

Olhou para o celular e pensou em ligar pra ele denovo. 
Uma saudade estranha percorreu seu corpo. 
Queria ouvir novamente a voz dele, sentir seu abraço, sair para conversar. “Só isso”, mentiu.  Ele bem que gostaria de estar aqui. 
Riu, vendo o sorriso dele na memória.
Mas como ligar pra ele se ela não tinha mais o número? 
Ela apagou todos os vestígios daquela existência. 
Contatos, presentes, orkut, msn, tudo. 
Agiu como um viciado ao se livrar do vício, jogou fora todos os estoques da droga; a garrafa de vodka escondida, o conhaque em miniatura na gaveta de calcinhas, o vinho do porto no fundo da cristaleira, a caixinha secreta com pó. Limpou ele de sua vida, para evitar a recaída.
Mas agora se sentia recuperada. 
Já tinha se envolvido com outros caras, não sentia raiva, ciúme, nem nada. 
Era outra mulher.
Agora ela assumiria outra postura diante dele. 
Queria apenas o que ele tinha de melhor, o que nenhum outro homem conseguira substituir. Depois, tchau.
Agiria como ele: não se envolveria, curtiria o momento, sem abrir mão de sua liberdade, sem cobranças, “sem desespero, sem tédio, sem fim”. Não era isso?
Deitada na cama, resgatou na memória porquê resolvera apagar aquele cara da sua vida.
Lembrou da ansiedade que a corroeu na semanas em que ele desapareceu. Cada vez que o celular tocava, ela dava um pulo. “Casa chamando”, “mãe chamando”, "escritório chamando”. Chegou a deixar o aparelho desligado por dias seguidos... 
Mas quando ligava o celular recebia sempre as mesmas mensagens: “mãe tentou falar com você e não conseguiu”, “pai tentou falar com você e não conseguiu”. As pessoas que realmente se preocupavam com ela começaram a se preocupar à toa. Tudo por causa do cara.
Quase um mês depois o celular avisou: “Ele chamando”. 
Ai ela respirou fundou, deixou tocar quatro vezes pra não demonstrar ansiedade, e atendeu com voz de gente feliz, animada, super de bem com a vida. “Voltei ontem de viagem”, o advérbio de tempo desceu quadrado, “mas não posso te ver hoje, gatinha. Tenho que ir no aniversário da minha madrinha.", o pronome de tratamento e a desculpa esfarrapada do predicado desceram rasgando.
Apoiada nas almofadas coloridas de sua cama (escolhidas com carinho, em diversos lugares), ela mordeu os lábios, como sempre fazia quando a raiva chegava de maneira incontrolável. Olhou novamente para o celular e agradeceu a si mesma por ter deletado o número.

Quando eu crescer vou ser "astronômica".

Desde criança que os astros me encantam.
Eu pirei quando fui ao planetário de Buenos Aires e dizia que queria ser “astronômica” quando crescesse. Mas ai quando eu soube que a astronomia exigia um profundo conhecimento matemático, logo desapeguei da idéia.
Meu pai me ensinou a localizar várias constelações no céu e tinha umas estrelinhas brilhantes no teto do meu quarto imitando os conjuntos de astros. Ir ao meu quarto era passagem obrigatória das visitas que iam lá em casa. Muito desse conhecimento se perdeu e hoje eu encontro no céu apenas as constelações mais básicas, e consigo diferenciar os planetas das estrelas (pelo brilho mais intenso e contínuo).
Eu me lembro de quando eu me deitava na grama da casa da minha vó e ficava esperando a hora em que as estrelas “nascem” no céu. Logo depois do pôr-do-sol, e ficava olhando para cima, atenta, à espera dos pontos brilhantes.
Outro dia, descobri que é possível ver a olho nu satélites artificiais, aqueles aparelhos indiscretos que tiram fotos lá de cima, mandam informações e vigiam a Terra o tempo todo. Os satélites têm brilho parecido com o dos planetas, e se movem lentamente em “linha reta”, seguindo uma órbita.
Ai outro dia num lugar que parece ter saído de um sonho, participei de uma aula de Yoga ao ar livre, no fim da tarde. Deitada de barriga para cima, alongando as pernas para o alto, lembrei daqueles momentos em que não fazia nada, apenas observava.
A professora falava pausadamente, e dava as instruções: “Respire profundamente. Agora imagine uma luz branca saindo do topo da sua cabeça".
Tudo parecia tão surreal e tão bom, que era difícil acreditar que estivesse realmente acontecendo.
Eu me esticava pra frente, pra os lados, pra trás, ficava de ponta-cabeça, sempre atenta às novidades no céu. Me divertia viajando sozinha: “As Três Marias estão logo ali ao lado do meu pé esquerdo”, “minha mão está apontada para Vênus”, “aquela estrelinha andando no céu é um satélite”, “cadê o Cruzeiro do Sul?”...

Temporal.

Chovia, porque ultimamente aki em BH, depois de um dia abafado, as nuvens ficam gordas, pesadas e derramam todo o seu cinza sobre a selva de pedra.
Os carros formavam filas de luzes e buzinavam, porque as pessoas se irritam quando ficam presas no congestionamento e fecham os cruzamentos, ou não entendem que não há como sair do lugar, se você já avançou.
Chovia, mas ainda estava quente.
Eu tinha um guarda-chuva comigo, mas não abri, não abri pq não quis.
É que eu amo tomar chuva.
Senti os cabelos ficarem molhados, a blusa grudar no peito, a roupa ganhar a minha forma.
Senti uns olhares reprovativos e li pensamentos puritanos de pessoas reprimidas.
Não era nada de anormal.
Era chuva no asfalto quente.
No corpo quente.
Qual o problema?

Lições de um dos melhores domingos da minha vida.

Dirigir em um dia de sol e céu azul, com o vidro aberto e o vento bagunçando a cabeleira é muito, muito, muito bom...
Nessa estrada que vai pra Nova Lima somente o céu aparece no retrovisor do motorista.
Ouvindo Clube da Esquina e sentindo uma mistura de nostalgia com positividade no futuro...
Me lembrei da conversa que tive com meu pai, ele é um cara muito inteligente e agradável, conversar com ele é não ver o tempo passar, e eu gostaria de jogar conversa fora com ele mais vezes...
Minhas amigas são bem diferentes de mim, mas têm as mesmas dúvidas e aflições, e isso me conforta...
Dar valor, estar inteiramente presente, demonstrar amor.
Seguir tecendo os sonhos, conquistas e amores.

No parque municipal.

Hoje tava andando pelo centro e decidi dar uma volta no parque municipal.
E lembrei de tanta coisa...
Foi lá que meu pai me ensinava a andar de bicicleta.
No parquinho do parque eu brincava com meu irmão e ele adorava me deixar de castigo na gangorra.
Lá eu assisti a uns shows incríveis e inesquecíveis, junto com meus amigos, meus amores e outras tantas pessoas.
Foi nesse palco, depois de uma apresentação incrível do Nação Zumbi que eu lavei a alma debaixo de uma chuva torrencial e maravilhosa.
Lá é um lugar incrível pra ir pra relaxar, pensar na vida, fazer uma atividade física, ou até abraçar uma árvore, deitar na grama, fazer yoga, ler um livro, tirar umas fotos, lá tem um clima mto gostoso...
Lá é o meu lugarzinho imenso, especialmente especial.

Tem um compartimento secreto na memória destinado à música baiana.

Eu tive uma fase Daniela Mercury na minha infância, em que eu brincava com meus primos de show e eu sempre era a Daniela Mercury, ai eu ficava cantando “A cor dessa cidade sou eu! O canto dessa cidade é meu!”, abrindo os braços no meio da sala lá de casa, com o cabelão balançando pra lá e pra cá...
Depois veio a fase Banda Eva na adolescência. Ivete conquistou meu coração com o axé... E eu confesso que essas músicas embalaram umas paixões platônicas e absurdas que eu tive.
Até fui num show da Ivete no Axé Brasil, com as minhas amigas do colégio...
Mas ai o tempo passou, o meu gosto diversificou, o axé ficou diferente, veio o samba, o soul, o jazz, o samba-rock e os CDs das minhas divas ficaram num cantinho empoeirado da estante, muito mal acompanhados de algumas porcarias que eu escutava (confesso aqui em segredo: Spice Girls, Sandy e Junior, Natalie Inbruglia, Shakira, e... hummm... Backstreet Boys pronto, falei).
Ai outro dia decidi resgatar essa fase. Peguei o CD “Banda Eva Ao Vivo”, levei pro carro e coloquei pra ouvir... Comecei a ouvir os primeiros acordes e me dei conta de que eu sabia de cor (e lembrava!) absolutamente todas as letras. No final de cada música, eu pressentia os primeiros acordes e as frases da próxima canção. Tem um compartimento secreto na minha memória destinado à música baiana. É uma coisa impressionante.
E desde então tô escutando a Banda Eva direto... Quando vou correr na barragem , me divirto com “Levada Louca”. No trânsito, nada tira a minha paciência quando começa: “Eu não posso deixar que o tempo te leve jamais para longe de mim! Pois o nosso romance, minha vida, é tão lindo! És quem manda e desmanda nesse coração que só bate em razão de te amar, daria o mundo a você se preciso...”.
E agora caminhando pro trabalho, dentro do ônibus e até andando de bicicleta lá em Bonfim outro dia, o que se revelou um perigo quando tentei um ziguezague no ritmo do batuque... “Não vou deixar, vou me revelar pra esse amor”.
Algumas falam do amor que se foi, do amor eterno, do amor não correspondido, da paixão, do tesão... Outras soam como um recado perfeito.
Mas são elas que têm embalado, na melhor trilha sonora possível, meu atual momento.

Preferia se deixar levar pelo não dito, pelas incertezas seguras que tinha.

Ela se sentia confortável naquele abraço.
Envolvida por aqueles braços compridos, com o toque daquelas mãos grandes, quentes, que transmitiam um carinho velado...
Sem ter certeza de nada. Sem saber qual era a verdade. Sem saber se havia verdade, se havia sentimento (e qual?) por trás dos olhos pretos e indecifráveis. Mesmo assim, ou talvez por tudo isso, ela se sentia confortável.
Às vezes o sorriso de canto, acompanhado de um olhar sereno, quente, pareciam denunciar ternura, ou um sentimento qualquer. Eram instantes raros, que ela tentava captar, como dicas para um enigma dadas apenas uma vez. Sem repetição.
Os sentimentos da carne eram bem mais fáceis de identificar. Eram claros. Ela sabia quando ele estava derretendo de vontade, quando não aguentava esperar nem mais um minuto... Aí era terreno firme. Aí ela conhecia. E agia de forma natural, segura de si no palco de seu show.
Ele apenas precisava aprender a dose a mais que ainda faltava. Ela pensava em ensinar, mas preferia se deixar levar por ele, pelo não dito, pelas incertezas seguras que tinha.

Chuva, sorvete de iogurte, calda de frutas vermelhas...

Parecia uma tarde de férias, daquelas em que não há pressa para nada e tempo de sobra...
Ela tomava um sorvete de iogurte, com calda de frutas vermelhas. Doce e azedo. A combinação perfeita.
Sentadinha  na cadeira no passeio da rua, assistia e esperava a chuva passar. Um típico aguaceiro de primavera, daqueles que vem para refrescar o calor e deixam um cheiro de asfalto quente pelo ar...
Não havia pressa, não havia obrigação, não havia expectativa, não havia preocupação...
Só a chuva e o sorvete de iogurte, com calda de frutas vermelhas.

Viver do instante pra mim já é suficiente.

Esperar virou rotina.
Mania antiga.
Alimentar sonhos guardados em caixas velhas.
De você não sei, sei quase nada, afinal, se sou eu que vou sempre, o que resta então? 
Transformo esse sentimento numa saudade boa de sentir.
Eu sei que você nunca vai ser controlador dos meus passos: não.
E você também sabe disso e tem medo.
Você sequer escolhe o que vc quer.
Você quer alguém que segure forte sua mão e diga: "estou contigo sempre, todos os dias, todas as noites."
E você sabe que eu tô sempre regada de viagens, encontros, pessoas, mundos...
Mas você prefere o silêncio, e fica nessa.
Mesmo assim, te dou a mão daqui e digo: "estou com você agora, todo esse dia, toda essa noite..." e espero que falar do instante seja suficiente pra vc, por que pra mim é.
E espero que dizer de saudades seja bonito o bastante, sem promessas, sem contratos, já que vivemos, nesse mesmo instante, na busca infindável dos nossos passos.
Então, vamo deixar o amanhã de lado...
Vamo viver o dia de hj.
E isso, sim, isso há de ser suficiente.

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

...

Faz muito tempo que eu não escrevo nada,
acho que foi porque a tv ficou ligada...

Dale Saramago

"(...) se antes de cada ato nosso nós nos puséssemos a prever todas as conseqüências dele, a pensar nelas a sério, primeiro as imediatas, depois as prováveis, depois as possí­veis, depois as imagináveis, não chegarí­amos sequer a mover-nos de onde o primeiro pensamento nos tivesse feito parar. Os bons e os maus resultados dos nossos ditos e obras vão-se distribuindo, supõe-se que de uma forma bastante uniforme e equilibrada, por todos os dias do futuro, incluindo aqueles, infindáveis, em que já cá não estaremos para poder comprová-lo, para congratular-nos ou pedir perdão; aliás, há quem diga que isso é que é a imortalidade de que tanto se fala."

José Saramago. In: Ensaio sobre a cegueira.

Dale Dostoiévsk

"As grandes ideias são antes fruto de um grande coração do que de uma grande inteligência."

Fiódor Dostoiévski

Dale Quintana!

"Falam em decadência da arte de escrever. Mas isso que por aí­ se vê, essa imprecisão, essa desconexão, é tudo um simples gráfico do espí­rito do autor. Não me venham, porém, dizer que ele não tem estilo. Tem-no, e muito seu. O estilo continua sendo o homem. Crise de estilo não existe. O que existe é crise de pensamento."

(Mario Quintana. In: Caderno H. 9. ed. São Paulo: Globo, 2003.)

terça-feira, 23 de novembro de 2010

Expectativa da próxima viagem.

Viajo porque gosto...
Gosto de ter essa sensação de que pertenço ao mundo...
Posso me encontrar em mim ou no outro, e sentir que estou compartilhando a vida com o todo.
Sempre gostei de viajar, mesmo sem saber ao certo a razão...
Gosto de estar próxima da minha família quando viajamos de férias...
Gosto de descobrir diferentes modos de vida...
Gosto de entrar em contato com o "eu" lá longe e ao mesmo tempo consigo senti-lo por perto.
Gosto de me surpreender!
Mas as vezes me sinto estranha.
Com a sensação de que não pertenço a esse lugar.
Tão pouco me pertenço.
Então, o que vim buscar aqui afinal?
Fugir da minha vida?
Pode ser...
Mas gostaria, acima de tudo, de fugir de mim mesma.
Penso em como será a minha vida na África... 
Música boa, uns batuques diferentes, comida exótica, a vida na savana, coqueiros,  praias e muitas cores.
Uns turistas tirando fotos, a mãe comprando um souvenir, a filha sem saber o quê querer, o pai sempre tentando agradar...  
O que será que eles lêem por lá?
Qual será a leitura que está influenciando a África nesse momento?
Me sinto feliz com essa expectativa...
Feliz de pertencer a mim.

Não adianta.

A escrita não adianta nada. 
Não adianta porque é infinita.
E nós, nós somos finitos.
Às vezes a imensidão do ser humano, atormentada, se esvazia e se tranforma num nada.
Às vezes...
Quase sempre.
Mas nunca calada.
O nada não adianta.
Ele não passa...
Não para.

Desorganizo as palavras enquanto escrevo.

Daqui eu vejo o mar, uns barquinhos ao fundo e a maré que se encarrega de fazer companhia a eles compõem uma pequena parte da paisagem.
Através da linha do horizonte eu consigo ir rumo ao infinito, guiada pelo barulho do vento e do mar...
Esse vento conforta e impulsiona pra longe...
Percebo que eu não estou sozinha, tenho a natureza para testemunhar tudo isso...
Consigo ver a sombra das minhas asas,
Elas agora não tem medo do desconhecido, só aprendem com ele.
E as palavras surgem na minha mente em forma de texto e eu as desorganizo enquanto escrevo.

O perigo está na descontrução dos limites.

Eu gosto de pessoas que escrevem.
Acho que pra atingirem tamanha proeza significa que, além de terem passado por alguma experiência marcante (que mudam a própria vida e podem, também, mudar a do outro), elas lêem.
E normalmente, lêem muito.
E eu também gosto de pessoas que lêem.
Pra mim as pessoas que lêem são perigosas.
E o perigo está na desconstrução dos limites, quando a imaginação se torna um ideal muito mais palpável do que uma ideologia qualquer.
E essas pessoas, bem, na verdade eu me identifico com elas...
Elas vivem tudo o que podem viver, e quando não conseguem atingir tamanha intensidade, elas simplesmente imaginam algum texto, algum texto da vida.
Ai é só escrever e continuar vivendo e, mais do que isso, compartilhar um pedaço de suas vidas com os outros muitos curiosos que têm sede de mundo.

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Sobre o estar triste.

Pra mim estar triste é nada mais nada menos do que estar atento a sí mesmo...
Pode ser estar desapontado com alguém, com sí mesmo...
Ou então estar de saco cheio da rotina, de certas repetições...
As vezes é se descobrir frágil num momento qualquer, sem nenhuma razão aparente...
Agora as minhas razões estão com mania de serem discretas...
Mas a verdade é que como diria Cazuza "eu ando tão down"...
Eu sei que tristeza é algo que ultimamente pega super mal, e que o certo é sair pra balada, forçar um sorriso, e dizer que tá tudo ÓTIMOOO...
E é engraçado que quase todos cantam a tristeza, mas são poucos que a enfrentam de fato.
E o mais bizarro é que a gente não se esforça pra entendê-la, mas pra disfarçá-la e sufocá-la.
E a tristeza, coitada, só quer usufruir do seu direito de existir, só quer assegurar o seu espaço nesta sociedade que exalta apenas o "uhuuullll", e que desconfia de quem anda calado demais...
É claro que como já diria Vínícius, "é melhor ser alegre que ser triste", mas o melhor mesmo é não ter ninguém pra nos privar de sentir o que for...
No caso, na maioria daz vezes, é a gente que não se permite estar alguns degraus abaixo da euforia.
E é isso, tem dia que eu acordo com preguiça de tudo e de todos.
E tem dia que eu não tô nem pra rock e nem pra samba, e tbm ñ tô afim de buscar nada que possa camuflar a minha introspecção e nem de aceitar convites pra festas em que eu não tenha nada pra brindar.
Então, quando eu tiver assim, não precisa se preocupar comigo, sério mesmo...
Pode me deixar na minha, quietinha, porque pra mim quietude é uma forma de armazenamento de força e de sabedoria.
E daqui a pouco eu volto ao meu estado natural, cheia de energia e de euforia.
Eu sempre volto msm, e ai anuncio o fim de uma dor, até que venha a próxima...
Como todo mundo, normal que sou...

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Se o acaso já está feito...

Quando o acaso já está feito, nem um jogo de dados é capaz de desfaze-lo.
Então o que nos resta?
Já que no fim tudo dá certo msm,
tudo pode ser exatamente como a gente nunca sempre quis!

Aos meus amigos anjos!

Tem gente que duvida da existência dos anjos da guarda.
Mas a cada dia que passa, eu tenho um motivo a mais pra acreditar que eles existem!
E meus anjos da guarda vivem por ai, se materializando nos meus amigos...
É impressionante e inexplicável como eles sempre estão por perto, em qualquer lugar do mundo, em qualquer hora... pra salvar mesmo!
E eu só tenho à agradecer a todos esses que chegaram de repente na minha vida e se alojaram devagarzinho num lugar especial e essencial da minha existência.
A cada dia que passa, eu vejo que estou cercada de vários tipos de anjos...
Tem uns que chegam de leve, e se apoderam da minha amizade como quem não quer nada, e ai quando eu percebo, já não consigo imaginar como seria a minha vida sem eles...
Já outros são mais ousados, e já chegam se atirando e mostrando com os olhinhos mais sinceros o quanto uma amizade é importante...
Uns chegam do nada pra sarar algum ferimento, ou até salvar minha vida (sem nenhum exagero)!
Alguns são leves e divertidos, me mostram a alegria da vida...
Enquanto outros são mais sérios e me mostram a seriedade com que a vida deve ser enfrentada...
Têm uns que têm as suas qualidades tão à mostra, que num primeiro olhar já sei a que veio...
Outros têm essas mesmas qualidades muito bem guardadas e eu tenho que ir descobrindo aos poucos...
Alguns esbarram em mim pela rua sem nem avisar, mas me dão um sorriso real, uma proteção real....
E não tem como dizer que uns são melhores ou piores que os outros, pq eles são apenas diferentes, com suas qualidades e seus defeitos...
Tem gente gente que acha que pra ser anjo precisa ter asa...
Mas mais importante do que ter anjos na minha vida....
É ser anjo na vida dos outros!

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

O que é vazio então???

Me lembro de ter lido um texto de Drummond uma vez, que falava que o vazio não significava nem falta e nem ausência, mas simplesmente "estar em sí".  
E me lembrei da minha vó falando que "cabeça vazia é oficina do diabo".
Mas acho que a casa do diabo é aquele vazio que ocupa todo o espaço que a gente dá e ainda nos toma um restinho do que sobrou, o que a gente se nem daria se pudesse. 
É o vácuo que responde pelo nome que chamarmos e que se alimenta basicamente do que a gente pensa que é bom, abstraindo o fato da vida real quase nunca ser tão boa quanto a imaginação. 
E as vezes estar junto pode ser  "diabolicamente" uma forma de solidão.
Porque se esconder de si mesmo no outro não é um bom esconderijo!
Eu costumava dizer sem um pingo de vergonha que tive sorte por encontrar bons refúgios: pessoas que me ajudavam a esquecer de que eu estava me escondendo...
Agora entendo melhor o que se passa, perto de mim e sempre tão longe de tudo...

Escutando a conversa alheia.

Não sei se eu já contei isso aqui, mas eu tenho mania de ouvir a conversa alheia.
Não são todas, mas qdo rola eu sempre ouço...
E é engraçado que eu sou bem dispersa: não sou muito de reparar em decorações, cabelos, sapatos.... mas se eu tiver sentadinha esperando alguma coisa e vc tiver falando com alguém perto de mim é bem possível que eu participe do seu assunto.
Passivamente é claro, mas com muita atenção.
Mas se não me agrada, eu logo me desconcentro e começo a pensar numa outra coisa qualquer...
Em todos esses anos de exercício em filas, ônibus, consultórios e tals aprendi que o nível do assunto é proporcional à idade de quem conversa:
Por exemplo, os velhinhos não falam só de doença!!!
Eu já escutei várias coisas bacanas, umas lições de desprendimento e de sabedoria...
Escutar criança também é bem legal...
No geral adolescentes são meio chatos e depressivos, as mães reclamam dos filhos, das noras, os homens reclamam do time e as mulheres quase sempre reclamam dos homens.
Pois bem, isso foi uma introdução. Eu quero é contar uma coisa que ouvi ontem na fila do banco. Se não tivesse ouvido com os dois ouvidos eu nem ia acreditar que ainda tem gente que pensa assim em pleno seculo XXI.
Duas mulheres, uma de uns 30 anos e outra mais velha, tipo uns 40 assim... ambas reclamando da "pãodurice" de seus companheiros. Eu disse: companheiros. Repetindo: companheiros.
Nem eram maridos! Ambas sem fonte de renda própria, indignadas pq não sabem o salário de seus namoridos. Diziam que já tentaram de tudo: pediram pra ter conta conjunta, fuxicaram nos documentos deles, perguntaram discretamente ou abertamente...
segundo a mais velha, só tem "uma idéia pelas coisas que ele compra lá pra casa..."
E a mais nova disse que "deve ser muito, pq ele dá tudo que eu quero".
Dai elas partiram pras confissões de como faziam pra arrancar dinheiro deles.
Mentiras, chantagens, pequenos furtos... Eu já tava de cara!
Qdo lá pelas tantas a mais nova cogitou arrumar um emprego, pq ficava irritada cada vez que o cara reclamava pra pagar a fatura do cartão DELA. Eu disse DELA. Repetindo DELA.
Até então eu estava escutando envergonhada, mas depois fiquei sinceramente interessada. Merece até a minha atenção! Porque como assim? 
Mulheres saudáveis, relativamente jovens, solteiras e desempregadas vivendo sob o financiamento de homens que nem são seus pais.
Eu jurava que isso só acontecia na novela das oito. Pra mim a classe média só se juntava pra dividir as dívidas... hohoho
Tô brincando, eu sei que não é só pra dividir as dívidas que o povo se junta, mas enfim... eu não imaginava que pessoas normais, de classe média também bancavam mulher sem nem estar casado com ela.
E eu não imaginava MESMO que mulheres ainda pudessem achar que homens tem obrigação de sustenta-las.
Não dá pra generalizar. São apenas dois casais!
O fato é que mesmo fazendo todo o esforço pra não julgar, voltei pra casa pensando em quantas mulheres gostariam de uma "fonte de financiamento" dessas... sim, pq as que fazem os namorados de taxi, as que se ofendem em rachar as despesas (fora as do motel né? peloamordeDeus!) e as que não tem escrúpulos para gastar o suado dinheirinho alheio mas não tão alheio assim, estão a um passo das minhas colegas de fila...
Não?