terça-feira, 14 de agosto de 2012

Ele apareceu pra curar Ela, e Ela pra curar Ele também.
Ela guardava toda a dor do mundo, todas as feridas de um sentimento sem cura  e Ele guardava os ouvidos, e o braço sempre estendido.
E ali, naquele começo, Ele quase se esquecia da ferida que também precisava de curar, ferida de um sentimento quase sem cura.
Quase incurável?
Não sei. Só sei que começaram assim, primeiro pelo colo, pelos braços, e depois pela cura dos dois. Cúmplices de uma mesma dor, de um mesmo sentimento, se consolavam juntos, pouco a pouco.
Um no colo do outro, lá estavam os dois a compartilhar as feridas abertas.
Ele soprava a ferida Dela de um jeito que a aliviava.
Ela só sorria pra Ele,  e isso já era tudo.
Compartilhavam as feridas e assim iam também compartilhando os braços, abraços, sonhos, sonos, idéias, olhares, toques, silêncios.
Se entendiam muito bem durante as conversas. E se entendiam melhor ainda nos silêncios.
À medida que iam se entendendo, iam também se curtindo, mais e mais.
Porém, mesmo um precisando tanto do colo do outro, tanto Ela quanto Ele colocavam ali um limite de envolvimento, uma linha tênue quase transparente que os impedia de ir muito adiante, é que eles ainda não estavam curados.
Os dois sabiam que tinham se conhecido  para se curarem, e não podiam e nem deviam ir muito além disso...
Ele não era pra Ela.
E Ela não era pra Ele.
Tinha ali algo quase melhor do que o amor: cumplicidade, carinho, colo, abraço e amizade.
Leveza. 
Ele adorava Ela.
E ela, ela adorava tanto Ele...
E os dois se guardavam no nada... longe de qualquer dor.
E se enchiam de abraços: um abraçava a dor do outro, e o outro curava a ferida de um.
Por fim Ela só queria conversar com Ele.
E Ele, Ele só queria confiar Nela.
Iam se adorando na paz e nas risadas.
Até que teve um dia eles se entenderam demais, se entendaram tanto... que aqueles abraços se tornaram tão apertados que foram ficando sufocantes.
Insegurança e medo.
Nunca mais Ele curaria Ela.
Nunca mais Ela curaria Ele.
E o medo de uma outra nova ferida fez com que cada um seguisse o seu caminho.
Se separaram.
E agora, quando alguma ferida começa a se abrir, Ele acena pra Ela, e Ela sorri pra Ele.
E eles se entendem muito bem, melhor ainda no silêncio.
 

domingo, 12 de agosto de 2012

Não saber como agir.
Não saber o que atinge e nem o que afasta. 
Não saber fazer silêncio. 
Não conseguir ouvir o silêncio.
Gastar palavras e reduzir o que não cabe em palavras. 
Não saber o que leva e nem o que traz.
Ser assim, errante e impulsiva.
Exagerar, falar demais, viver demais, gostar demais.
O coração pede paz.
Não foi por falta de vontade.
Eu juro que tentei. 
Olhemos ao redor. 
A perfeição está mesmo nos detalhes? 
E a dor, será ela que define a nossa vida inteira? 
Não sei de nada.
Mas a felicidade, essa sim é a prova dos nove. Sempre. 
Permaneço no instante.
Não olho mais pra dentro, e nem muito pra fora. 

Não forço mais,
tenho as minhas convicções.

Me desafio.
Estou de frente com o próprio limite.
Sei respeitar o limite do limite.
Permito o silêncio.
Assumo as contradições,
ocupo novos lugares, 

e faço da alma festa
de um primeiro contato.

sábado, 11 de agosto de 2012

Deixa fluir.

Nada é absoluto o suficiente.
Somos feitos de instantes. 
Um dia pode ser só um dia. 
Uma noite pode ser só uma noite. 
O acontecimento acontece em um ponto. 
E é esse o momento. 
Vai... Volta. E transforma. 
Os acordos deixam de ser. Voltam a ser. E são.
É bonito permitir os impulsos.
Os desejos têm que ter a liberdade de acontecer sem julgamentos. 
E as ideias podem mudar. 
E os instantes, ainda que efêmeros, ainda que vazios, são sempre cheios de si. Cheio de nós.
E a vida flui...

De carona.

Me lembro que quando morei no Hawaii, a carona era um meio de transporte comum... E cada dia, eu pegava uma carona diferente, com um maluco diferente... e aquilo mudava o meu dia.

Aqui em Belo Horizonte, com a disseminação da violência, do medo, pegar uma carona se tornou uma verdadeira aventura, para a maioria, ou aos ouvidos daqueles que escutam relatos de viagens feitas pelos outros.

Eu tenho uma amiga que vive vindo de Ouro Preto pra Bh de carona, e confesso que já me peguei preocupada com isso algumas vezes...

Mas na real, acho que a carona é uma aventura sim. Mas talvez não tão arriscada assim.


Embora não se veja tantos caroneiros na beira da estrada, ainda é uma forma bem viável de se viajar.


A carona pode ser uma das melhores maneiras de realmente conhecer a fundo um lugar.


Uma viagem de carona é  uma forma bacana de conhecer a cultura de uma determinada região, que nos permite conhecer lugares que provavelmente não visitariamos e que nos permite conhecer pessoas que possivelmente nunca iriamos conhecer. O motorista pode ser um maluco filósofo, policial, hippie ou um fanático religioso. Você então passará um tempo com uma pessoa que você nunca imaginaria que um dia manteria uma conversa casual.



O caroneiro é um ser cheio de liberdade. Só você e sua mochila!

Sem horários e complicações, um objetivo a seguir, e toda a estrada pela frente.

Viajar de carona é uma oportunidades de viver uma aventura, numa época em que as viagens se tornaram bens de consumo, com milhares de opções de pacotes turísticos que te levam a ter uma experiência extremamente superficial, muito aquém do que se poderia realmente viver... 

A fé na humanidade, se restaura. Por todo o mundo, pessoas distintas e desconhecidas te levarão adiante, te oferecendo um pouco de segurança, abrigo ou comida. Gentileza e cooperação são os valores despertados pela carona.

Não somente somos tocados pela gentileza dos que decidem nos ajudar, mas também, de alguma forma mudamos essas pessoas. Nossas histórias, relatos, desejo de conhecer o mundo, e principalmente de mudá-lo, de uma forma ou outra servem como inspiração para as pessoas que encontramos pela estrada afora.