domingo, 28 de novembro de 2010

Na minha opinião pessoal, particular...

Eu acho que essa coisa da gente esperar o “homem certo”, sonhar com o casamento, é uma grande bobagem...
Amor não tem lugar, não divide espaço com instituição ou promessas religiosas...
Amor não é compromisso, não se promete...
Amor é algo que a gente tem que cuidar.
Ilumina a vida, sim, mas seu combustível é de fonte misteriosa...
Ele é rebelde, e mta gente tem medo de se se entregar a este sentimento indomável, imprevisível e misterioso, e ao mesmo tempo profundo e verdadeiro.
Amor tem que ser acima de tudo amigo.
Não curto esse amor meloso, prefiro a cumplicidade da amizade.
E o básico de uma relação é o companheirismo, o respeito...
A conquista que acontece a cada dia, em qq lugar onde o amor se fizer urgente...

Delete.

Olhou para o celular e pensou em ligar pra ele denovo. 
Uma saudade estranha percorreu seu corpo. 
Queria ouvir novamente a voz dele, sentir seu abraço, sair para conversar. “Só isso”, mentiu.  Ele bem que gostaria de estar aqui. 
Riu, vendo o sorriso dele na memória.
Mas como ligar pra ele se ela não tinha mais o número? 
Ela apagou todos os vestígios daquela existência. 
Contatos, presentes, orkut, msn, tudo. 
Agiu como um viciado ao se livrar do vício, jogou fora todos os estoques da droga; a garrafa de vodka escondida, o conhaque em miniatura na gaveta de calcinhas, o vinho do porto no fundo da cristaleira, a caixinha secreta com pó. Limpou ele de sua vida, para evitar a recaída.
Mas agora se sentia recuperada. 
Já tinha se envolvido com outros caras, não sentia raiva, ciúme, nem nada. 
Era outra mulher.
Agora ela assumiria outra postura diante dele. 
Queria apenas o que ele tinha de melhor, o que nenhum outro homem conseguira substituir. Depois, tchau.
Agiria como ele: não se envolveria, curtiria o momento, sem abrir mão de sua liberdade, sem cobranças, “sem desespero, sem tédio, sem fim”. Não era isso?
Deitada na cama, resgatou na memória porquê resolvera apagar aquele cara da sua vida.
Lembrou da ansiedade que a corroeu na semanas em que ele desapareceu. Cada vez que o celular tocava, ela dava um pulo. “Casa chamando”, “mãe chamando”, "escritório chamando”. Chegou a deixar o aparelho desligado por dias seguidos... 
Mas quando ligava o celular recebia sempre as mesmas mensagens: “mãe tentou falar com você e não conseguiu”, “pai tentou falar com você e não conseguiu”. As pessoas que realmente se preocupavam com ela começaram a se preocupar à toa. Tudo por causa do cara.
Quase um mês depois o celular avisou: “Ele chamando”. 
Ai ela respirou fundou, deixou tocar quatro vezes pra não demonstrar ansiedade, e atendeu com voz de gente feliz, animada, super de bem com a vida. “Voltei ontem de viagem”, o advérbio de tempo desceu quadrado, “mas não posso te ver hoje, gatinha. Tenho que ir no aniversário da minha madrinha.", o pronome de tratamento e a desculpa esfarrapada do predicado desceram rasgando.
Apoiada nas almofadas coloridas de sua cama (escolhidas com carinho, em diversos lugares), ela mordeu os lábios, como sempre fazia quando a raiva chegava de maneira incontrolável. Olhou novamente para o celular e agradeceu a si mesma por ter deletado o número.

Quando eu crescer vou ser "astronômica".

Desde criança que os astros me encantam.
Eu pirei quando fui ao planetário de Buenos Aires e dizia que queria ser “astronômica” quando crescesse. Mas ai quando eu soube que a astronomia exigia um profundo conhecimento matemático, logo desapeguei da idéia.
Meu pai me ensinou a localizar várias constelações no céu e tinha umas estrelinhas brilhantes no teto do meu quarto imitando os conjuntos de astros. Ir ao meu quarto era passagem obrigatória das visitas que iam lá em casa. Muito desse conhecimento se perdeu e hoje eu encontro no céu apenas as constelações mais básicas, e consigo diferenciar os planetas das estrelas (pelo brilho mais intenso e contínuo).
Eu me lembro de quando eu me deitava na grama da casa da minha vó e ficava esperando a hora em que as estrelas “nascem” no céu. Logo depois do pôr-do-sol, e ficava olhando para cima, atenta, à espera dos pontos brilhantes.
Outro dia, descobri que é possível ver a olho nu satélites artificiais, aqueles aparelhos indiscretos que tiram fotos lá de cima, mandam informações e vigiam a Terra o tempo todo. Os satélites têm brilho parecido com o dos planetas, e se movem lentamente em “linha reta”, seguindo uma órbita.
Ai outro dia num lugar que parece ter saído de um sonho, participei de uma aula de Yoga ao ar livre, no fim da tarde. Deitada de barriga para cima, alongando as pernas para o alto, lembrei daqueles momentos em que não fazia nada, apenas observava.
A professora falava pausadamente, e dava as instruções: “Respire profundamente. Agora imagine uma luz branca saindo do topo da sua cabeça".
Tudo parecia tão surreal e tão bom, que era difícil acreditar que estivesse realmente acontecendo.
Eu me esticava pra frente, pra os lados, pra trás, ficava de ponta-cabeça, sempre atenta às novidades no céu. Me divertia viajando sozinha: “As Três Marias estão logo ali ao lado do meu pé esquerdo”, “minha mão está apontada para Vênus”, “aquela estrelinha andando no céu é um satélite”, “cadê o Cruzeiro do Sul?”...

Temporal.

Chovia, porque ultimamente aki em BH, depois de um dia abafado, as nuvens ficam gordas, pesadas e derramam todo o seu cinza sobre a selva de pedra.
Os carros formavam filas de luzes e buzinavam, porque as pessoas se irritam quando ficam presas no congestionamento e fecham os cruzamentos, ou não entendem que não há como sair do lugar, se você já avançou.
Chovia, mas ainda estava quente.
Eu tinha um guarda-chuva comigo, mas não abri, não abri pq não quis.
É que eu amo tomar chuva.
Senti os cabelos ficarem molhados, a blusa grudar no peito, a roupa ganhar a minha forma.
Senti uns olhares reprovativos e li pensamentos puritanos de pessoas reprimidas.
Não era nada de anormal.
Era chuva no asfalto quente.
No corpo quente.
Qual o problema?

Lições de um dos melhores domingos da minha vida.

Dirigir em um dia de sol e céu azul, com o vidro aberto e o vento bagunçando a cabeleira é muito, muito, muito bom...
Nessa estrada que vai pra Nova Lima somente o céu aparece no retrovisor do motorista.
Ouvindo Clube da Esquina e sentindo uma mistura de nostalgia com positividade no futuro...
Me lembrei da conversa que tive com meu pai, ele é um cara muito inteligente e agradável, conversar com ele é não ver o tempo passar, e eu gostaria de jogar conversa fora com ele mais vezes...
Minhas amigas são bem diferentes de mim, mas têm as mesmas dúvidas e aflições, e isso me conforta...
Dar valor, estar inteiramente presente, demonstrar amor.
Seguir tecendo os sonhos, conquistas e amores.

No parque municipal.

Hoje tava andando pelo centro e decidi dar uma volta no parque municipal.
E lembrei de tanta coisa...
Foi lá que meu pai me ensinava a andar de bicicleta.
No parquinho do parque eu brincava com meu irmão e ele adorava me deixar de castigo na gangorra.
Lá eu assisti a uns shows incríveis e inesquecíveis, junto com meus amigos, meus amores e outras tantas pessoas.
Foi nesse palco, depois de uma apresentação incrível do Nação Zumbi que eu lavei a alma debaixo de uma chuva torrencial e maravilhosa.
Lá é um lugar incrível pra ir pra relaxar, pensar na vida, fazer uma atividade física, ou até abraçar uma árvore, deitar na grama, fazer yoga, ler um livro, tirar umas fotos, lá tem um clima mto gostoso...
Lá é o meu lugarzinho imenso, especialmente especial.

Tem um compartimento secreto na memória destinado à música baiana.

Eu tive uma fase Daniela Mercury na minha infância, em que eu brincava com meus primos de show e eu sempre era a Daniela Mercury, ai eu ficava cantando “A cor dessa cidade sou eu! O canto dessa cidade é meu!”, abrindo os braços no meio da sala lá de casa, com o cabelão balançando pra lá e pra cá...
Depois veio a fase Banda Eva na adolescência. Ivete conquistou meu coração com o axé... E eu confesso que essas músicas embalaram umas paixões platônicas e absurdas que eu tive.
Até fui num show da Ivete no Axé Brasil, com as minhas amigas do colégio...
Mas ai o tempo passou, o meu gosto diversificou, o axé ficou diferente, veio o samba, o soul, o jazz, o samba-rock e os CDs das minhas divas ficaram num cantinho empoeirado da estante, muito mal acompanhados de algumas porcarias que eu escutava (confesso aqui em segredo: Spice Girls, Sandy e Junior, Natalie Inbruglia, Shakira, e... hummm... Backstreet Boys pronto, falei).
Ai outro dia decidi resgatar essa fase. Peguei o CD “Banda Eva Ao Vivo”, levei pro carro e coloquei pra ouvir... Comecei a ouvir os primeiros acordes e me dei conta de que eu sabia de cor (e lembrava!) absolutamente todas as letras. No final de cada música, eu pressentia os primeiros acordes e as frases da próxima canção. Tem um compartimento secreto na minha memória destinado à música baiana. É uma coisa impressionante.
E desde então tô escutando a Banda Eva direto... Quando vou correr na barragem , me divirto com “Levada Louca”. No trânsito, nada tira a minha paciência quando começa: “Eu não posso deixar que o tempo te leve jamais para longe de mim! Pois o nosso romance, minha vida, é tão lindo! És quem manda e desmanda nesse coração que só bate em razão de te amar, daria o mundo a você se preciso...”.
E agora caminhando pro trabalho, dentro do ônibus e até andando de bicicleta lá em Bonfim outro dia, o que se revelou um perigo quando tentei um ziguezague no ritmo do batuque... “Não vou deixar, vou me revelar pra esse amor”.
Algumas falam do amor que se foi, do amor eterno, do amor não correspondido, da paixão, do tesão... Outras soam como um recado perfeito.
Mas são elas que têm embalado, na melhor trilha sonora possível, meu atual momento.

Preferia se deixar levar pelo não dito, pelas incertezas seguras que tinha.

Ela se sentia confortável naquele abraço.
Envolvida por aqueles braços compridos, com o toque daquelas mãos grandes, quentes, que transmitiam um carinho velado...
Sem ter certeza de nada. Sem saber qual era a verdade. Sem saber se havia verdade, se havia sentimento (e qual?) por trás dos olhos pretos e indecifráveis. Mesmo assim, ou talvez por tudo isso, ela se sentia confortável.
Às vezes o sorriso de canto, acompanhado de um olhar sereno, quente, pareciam denunciar ternura, ou um sentimento qualquer. Eram instantes raros, que ela tentava captar, como dicas para um enigma dadas apenas uma vez. Sem repetição.
Os sentimentos da carne eram bem mais fáceis de identificar. Eram claros. Ela sabia quando ele estava derretendo de vontade, quando não aguentava esperar nem mais um minuto... Aí era terreno firme. Aí ela conhecia. E agia de forma natural, segura de si no palco de seu show.
Ele apenas precisava aprender a dose a mais que ainda faltava. Ela pensava em ensinar, mas preferia se deixar levar por ele, pelo não dito, pelas incertezas seguras que tinha.

Chuva, sorvete de iogurte, calda de frutas vermelhas...

Parecia uma tarde de férias, daquelas em que não há pressa para nada e tempo de sobra...
Ela tomava um sorvete de iogurte, com calda de frutas vermelhas. Doce e azedo. A combinação perfeita.
Sentadinha  na cadeira no passeio da rua, assistia e esperava a chuva passar. Um típico aguaceiro de primavera, daqueles que vem para refrescar o calor e deixam um cheiro de asfalto quente pelo ar...
Não havia pressa, não havia obrigação, não havia expectativa, não havia preocupação...
Só a chuva e o sorvete de iogurte, com calda de frutas vermelhas.

Viver do instante pra mim já é suficiente.

Esperar virou rotina.
Mania antiga.
Alimentar sonhos guardados em caixas velhas.
De você não sei, sei quase nada, afinal, se sou eu que vou sempre, o que resta então? 
Transformo esse sentimento numa saudade boa de sentir.
Eu sei que você nunca vai ser controlador dos meus passos: não.
E você também sabe disso e tem medo.
Você sequer escolhe o que vc quer.
Você quer alguém que segure forte sua mão e diga: "estou contigo sempre, todos os dias, todas as noites."
E você sabe que eu tô sempre regada de viagens, encontros, pessoas, mundos...
Mas você prefere o silêncio, e fica nessa.
Mesmo assim, te dou a mão daqui e digo: "estou com você agora, todo esse dia, toda essa noite..." e espero que falar do instante seja suficiente pra vc, por que pra mim é.
E espero que dizer de saudades seja bonito o bastante, sem promessas, sem contratos, já que vivemos, nesse mesmo instante, na busca infindável dos nossos passos.
Então, vamo deixar o amanhã de lado...
Vamo viver o dia de hj.
E isso, sim, isso há de ser suficiente.

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

...

Faz muito tempo que eu não escrevo nada,
acho que foi porque a tv ficou ligada...

Dale Saramago

"(...) se antes de cada ato nosso nós nos puséssemos a prever todas as conseqüências dele, a pensar nelas a sério, primeiro as imediatas, depois as prováveis, depois as possí­veis, depois as imagináveis, não chegarí­amos sequer a mover-nos de onde o primeiro pensamento nos tivesse feito parar. Os bons e os maus resultados dos nossos ditos e obras vão-se distribuindo, supõe-se que de uma forma bastante uniforme e equilibrada, por todos os dias do futuro, incluindo aqueles, infindáveis, em que já cá não estaremos para poder comprová-lo, para congratular-nos ou pedir perdão; aliás, há quem diga que isso é que é a imortalidade de que tanto se fala."

José Saramago. In: Ensaio sobre a cegueira.

Dale Dostoiévsk

"As grandes ideias são antes fruto de um grande coração do que de uma grande inteligência."

Fiódor Dostoiévski

Dale Quintana!

"Falam em decadência da arte de escrever. Mas isso que por aí­ se vê, essa imprecisão, essa desconexão, é tudo um simples gráfico do espí­rito do autor. Não me venham, porém, dizer que ele não tem estilo. Tem-no, e muito seu. O estilo continua sendo o homem. Crise de estilo não existe. O que existe é crise de pensamento."

(Mario Quintana. In: Caderno H. 9. ed. São Paulo: Globo, 2003.)

terça-feira, 23 de novembro de 2010

Expectativa da próxima viagem.

Viajo porque gosto...
Gosto de ter essa sensação de que pertenço ao mundo...
Posso me encontrar em mim ou no outro, e sentir que estou compartilhando a vida com o todo.
Sempre gostei de viajar, mesmo sem saber ao certo a razão...
Gosto de estar próxima da minha família quando viajamos de férias...
Gosto de descobrir diferentes modos de vida...
Gosto de entrar em contato com o "eu" lá longe e ao mesmo tempo consigo senti-lo por perto.
Gosto de me surpreender!
Mas as vezes me sinto estranha.
Com a sensação de que não pertenço a esse lugar.
Tão pouco me pertenço.
Então, o que vim buscar aqui afinal?
Fugir da minha vida?
Pode ser...
Mas gostaria, acima de tudo, de fugir de mim mesma.
Penso em como será a minha vida na África... 
Música boa, uns batuques diferentes, comida exótica, a vida na savana, coqueiros,  praias e muitas cores.
Uns turistas tirando fotos, a mãe comprando um souvenir, a filha sem saber o quê querer, o pai sempre tentando agradar...  
O que será que eles lêem por lá?
Qual será a leitura que está influenciando a África nesse momento?
Me sinto feliz com essa expectativa...
Feliz de pertencer a mim.

Não adianta.

A escrita não adianta nada. 
Não adianta porque é infinita.
E nós, nós somos finitos.
Às vezes a imensidão do ser humano, atormentada, se esvazia e se tranforma num nada.
Às vezes...
Quase sempre.
Mas nunca calada.
O nada não adianta.
Ele não passa...
Não para.

Desorganizo as palavras enquanto escrevo.

Daqui eu vejo o mar, uns barquinhos ao fundo e a maré que se encarrega de fazer companhia a eles compõem uma pequena parte da paisagem.
Através da linha do horizonte eu consigo ir rumo ao infinito, guiada pelo barulho do vento e do mar...
Esse vento conforta e impulsiona pra longe...
Percebo que eu não estou sozinha, tenho a natureza para testemunhar tudo isso...
Consigo ver a sombra das minhas asas,
Elas agora não tem medo do desconhecido, só aprendem com ele.
E as palavras surgem na minha mente em forma de texto e eu as desorganizo enquanto escrevo.

O perigo está na descontrução dos limites.

Eu gosto de pessoas que escrevem.
Acho que pra atingirem tamanha proeza significa que, além de terem passado por alguma experiência marcante (que mudam a própria vida e podem, também, mudar a do outro), elas lêem.
E normalmente, lêem muito.
E eu também gosto de pessoas que lêem.
Pra mim as pessoas que lêem são perigosas.
E o perigo está na desconstrução dos limites, quando a imaginação se torna um ideal muito mais palpável do que uma ideologia qualquer.
E essas pessoas, bem, na verdade eu me identifico com elas...
Elas vivem tudo o que podem viver, e quando não conseguem atingir tamanha intensidade, elas simplesmente imaginam algum texto, algum texto da vida.
Ai é só escrever e continuar vivendo e, mais do que isso, compartilhar um pedaço de suas vidas com os outros muitos curiosos que têm sede de mundo.

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Sobre o estar triste.

Pra mim estar triste é nada mais nada menos do que estar atento a sí mesmo...
Pode ser estar desapontado com alguém, com sí mesmo...
Ou então estar de saco cheio da rotina, de certas repetições...
As vezes é se descobrir frágil num momento qualquer, sem nenhuma razão aparente...
Agora as minhas razões estão com mania de serem discretas...
Mas a verdade é que como diria Cazuza "eu ando tão down"...
Eu sei que tristeza é algo que ultimamente pega super mal, e que o certo é sair pra balada, forçar um sorriso, e dizer que tá tudo ÓTIMOOO...
E é engraçado que quase todos cantam a tristeza, mas são poucos que a enfrentam de fato.
E o mais bizarro é que a gente não se esforça pra entendê-la, mas pra disfarçá-la e sufocá-la.
E a tristeza, coitada, só quer usufruir do seu direito de existir, só quer assegurar o seu espaço nesta sociedade que exalta apenas o "uhuuullll", e que desconfia de quem anda calado demais...
É claro que como já diria Vínícius, "é melhor ser alegre que ser triste", mas o melhor mesmo é não ter ninguém pra nos privar de sentir o que for...
No caso, na maioria daz vezes, é a gente que não se permite estar alguns degraus abaixo da euforia.
E é isso, tem dia que eu acordo com preguiça de tudo e de todos.
E tem dia que eu não tô nem pra rock e nem pra samba, e tbm ñ tô afim de buscar nada que possa camuflar a minha introspecção e nem de aceitar convites pra festas em que eu não tenha nada pra brindar.
Então, quando eu tiver assim, não precisa se preocupar comigo, sério mesmo...
Pode me deixar na minha, quietinha, porque pra mim quietude é uma forma de armazenamento de força e de sabedoria.
E daqui a pouco eu volto ao meu estado natural, cheia de energia e de euforia.
Eu sempre volto msm, e ai anuncio o fim de uma dor, até que venha a próxima...
Como todo mundo, normal que sou...

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Se o acaso já está feito...

Quando o acaso já está feito, nem um jogo de dados é capaz de desfaze-lo.
Então o que nos resta?
Já que no fim tudo dá certo msm,
tudo pode ser exatamente como a gente nunca sempre quis!

Aos meus amigos anjos!

Tem gente que duvida da existência dos anjos da guarda.
Mas a cada dia que passa, eu tenho um motivo a mais pra acreditar que eles existem!
E meus anjos da guarda vivem por ai, se materializando nos meus amigos...
É impressionante e inexplicável como eles sempre estão por perto, em qualquer lugar do mundo, em qualquer hora... pra salvar mesmo!
E eu só tenho à agradecer a todos esses que chegaram de repente na minha vida e se alojaram devagarzinho num lugar especial e essencial da minha existência.
A cada dia que passa, eu vejo que estou cercada de vários tipos de anjos...
Tem uns que chegam de leve, e se apoderam da minha amizade como quem não quer nada, e ai quando eu percebo, já não consigo imaginar como seria a minha vida sem eles...
Já outros são mais ousados, e já chegam se atirando e mostrando com os olhinhos mais sinceros o quanto uma amizade é importante...
Uns chegam do nada pra sarar algum ferimento, ou até salvar minha vida (sem nenhum exagero)!
Alguns são leves e divertidos, me mostram a alegria da vida...
Enquanto outros são mais sérios e me mostram a seriedade com que a vida deve ser enfrentada...
Têm uns que têm as suas qualidades tão à mostra, que num primeiro olhar já sei a que veio...
Outros têm essas mesmas qualidades muito bem guardadas e eu tenho que ir descobrindo aos poucos...
Alguns esbarram em mim pela rua sem nem avisar, mas me dão um sorriso real, uma proteção real....
E não tem como dizer que uns são melhores ou piores que os outros, pq eles são apenas diferentes, com suas qualidades e seus defeitos...
Tem gente gente que acha que pra ser anjo precisa ter asa...
Mas mais importante do que ter anjos na minha vida....
É ser anjo na vida dos outros!

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

O que é vazio então???

Me lembro de ter lido um texto de Drummond uma vez, que falava que o vazio não significava nem falta e nem ausência, mas simplesmente "estar em sí".  
E me lembrei da minha vó falando que "cabeça vazia é oficina do diabo".
Mas acho que a casa do diabo é aquele vazio que ocupa todo o espaço que a gente dá e ainda nos toma um restinho do que sobrou, o que a gente se nem daria se pudesse. 
É o vácuo que responde pelo nome que chamarmos e que se alimenta basicamente do que a gente pensa que é bom, abstraindo o fato da vida real quase nunca ser tão boa quanto a imaginação. 
E as vezes estar junto pode ser  "diabolicamente" uma forma de solidão.
Porque se esconder de si mesmo no outro não é um bom esconderijo!
Eu costumava dizer sem um pingo de vergonha que tive sorte por encontrar bons refúgios: pessoas que me ajudavam a esquecer de que eu estava me escondendo...
Agora entendo melhor o que se passa, perto de mim e sempre tão longe de tudo...

Escutando a conversa alheia.

Não sei se eu já contei isso aqui, mas eu tenho mania de ouvir a conversa alheia.
Não são todas, mas qdo rola eu sempre ouço...
E é engraçado que eu sou bem dispersa: não sou muito de reparar em decorações, cabelos, sapatos.... mas se eu tiver sentadinha esperando alguma coisa e vc tiver falando com alguém perto de mim é bem possível que eu participe do seu assunto.
Passivamente é claro, mas com muita atenção.
Mas se não me agrada, eu logo me desconcentro e começo a pensar numa outra coisa qualquer...
Em todos esses anos de exercício em filas, ônibus, consultórios e tals aprendi que o nível do assunto é proporcional à idade de quem conversa:
Por exemplo, os velhinhos não falam só de doença!!!
Eu já escutei várias coisas bacanas, umas lições de desprendimento e de sabedoria...
Escutar criança também é bem legal...
No geral adolescentes são meio chatos e depressivos, as mães reclamam dos filhos, das noras, os homens reclamam do time e as mulheres quase sempre reclamam dos homens.
Pois bem, isso foi uma introdução. Eu quero é contar uma coisa que ouvi ontem na fila do banco. Se não tivesse ouvido com os dois ouvidos eu nem ia acreditar que ainda tem gente que pensa assim em pleno seculo XXI.
Duas mulheres, uma de uns 30 anos e outra mais velha, tipo uns 40 assim... ambas reclamando da "pãodurice" de seus companheiros. Eu disse: companheiros. Repetindo: companheiros.
Nem eram maridos! Ambas sem fonte de renda própria, indignadas pq não sabem o salário de seus namoridos. Diziam que já tentaram de tudo: pediram pra ter conta conjunta, fuxicaram nos documentos deles, perguntaram discretamente ou abertamente...
segundo a mais velha, só tem "uma idéia pelas coisas que ele compra lá pra casa..."
E a mais nova disse que "deve ser muito, pq ele dá tudo que eu quero".
Dai elas partiram pras confissões de como faziam pra arrancar dinheiro deles.
Mentiras, chantagens, pequenos furtos... Eu já tava de cara!
Qdo lá pelas tantas a mais nova cogitou arrumar um emprego, pq ficava irritada cada vez que o cara reclamava pra pagar a fatura do cartão DELA. Eu disse DELA. Repetindo DELA.
Até então eu estava escutando envergonhada, mas depois fiquei sinceramente interessada. Merece até a minha atenção! Porque como assim? 
Mulheres saudáveis, relativamente jovens, solteiras e desempregadas vivendo sob o financiamento de homens que nem são seus pais.
Eu jurava que isso só acontecia na novela das oito. Pra mim a classe média só se juntava pra dividir as dívidas... hohoho
Tô brincando, eu sei que não é só pra dividir as dívidas que o povo se junta, mas enfim... eu não imaginava que pessoas normais, de classe média também bancavam mulher sem nem estar casado com ela.
E eu não imaginava MESMO que mulheres ainda pudessem achar que homens tem obrigação de sustenta-las.
Não dá pra generalizar. São apenas dois casais!
O fato é que mesmo fazendo todo o esforço pra não julgar, voltei pra casa pensando em quantas mulheres gostariam de uma "fonte de financiamento" dessas... sim, pq as que fazem os namorados de taxi, as que se ofendem em rachar as despesas (fora as do motel né? peloamordeDeus!) e as que não tem escrúpulos para gastar o suado dinheirinho alheio mas não tão alheio assim, estão a um passo das minhas colegas de fila...
Não?

terça-feira, 9 de novembro de 2010

História sem fim...

No começo ela gostava bem mais dele do que ele dela,
e ele, bem, ele na verdade nem gostava tanto dela assim...
Pra ela era meio que quase uma paixão platônica, via suas fotos, e ficava pensando como que seria a sua vida com ele...
Ela sempre pensava nisso...
E de vez em quando eles se esbarravam na balada, conversavam, trocavam uns olhares meio tímidos...
Até que um dia rolou um beijo, e o amor nela só aumentou...
E nele, quase nada...
Ai os dias passaram, e ela conseguiu cativar com palavras, cheiro, química o coração do cara que era duro na queda...
Os dias passaram, passaram meses e passou um ano.
Mas ai as coisas já não eram mais as mesmas...
Mas quem diria, as coisas não eram mais as mesmas pra ela, pq pra ele o amor só aumentava e ele se perguntava se uma vida inteira ao lado dela seria suficiente...
Logo ela uma sentimental que achava que este seria seu último romance, se enganou.
Os beijos se tornaram curtos, sem açúcar e sem afeto.
E de repente o príncipe virou um chato.
Ele a notava distante, mas não queria falar, estava com medo de colocar em palavras o sentimento que o perturbava, pq se o colocasse em palavras o tornaria real, então foi deixando pra lá...
Era melhor isso do que nada...
Quanto clichê, mas é impossível fugir numa situação assim.
Os sentimentos se reverteram.
O que era dela agora é dele.
Ele a fizera esquecer uma grande dor, a perda de um outro amor, ele a completava, mas agora não mais.
Agora ela queria seguir sozinha numa estrada sem volta.
Para eles não existiu final feliz,
então prefiro deixar a história assim, sem fim.

Tem momentos...

Que eu vejo o céu ficando alaranjado e as nuvens rosa, parecendo um algodão-doce gigante...
Que eu bebo tanto que eu perco o pouco da censura que eu tenho...
Que eu passo por um susto e rezo mesmo sem ser lá muito religiosa... Que eu racho de rir de uma piada que eu mesma acabei de inventar...
Que eu choro atôa...
Que eu conto algo que não devia contar à ninguém...
Que eu perco as esperanças...
Que eu fico com calos na mão de tanto escrever...
Que eu acabo de ler um livro e sinto vontade de voltar ao começo da história...
Que eu sinto vontade de mergulhar no mar e sentir o gosto do sal na boca.
Que eu percebo que as férias acabaram e eu nem fui a praia direito, tantas vezes como eu gostaria...
Que uma amiga está desabafando o tormento mais profundo e eu não consigo prestar atenção, tudo que eu consego ouvir saindo da boca dela é um som de saxofone e aquele jazz que não sai da minha cabeça...
Entre esses momentos e em alguns outros...
É possível se encontrar e se perder tantas vezes que é impossível de contar...
As vezes eu sinto que os momentos sinceros com alguém parecem os mais raros, e os momentos especiais se tornam cada vez mais difíceis.
Apenas momentos...

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Viagem.

Toda viagem é sem volta e leva sempre ao mesmo lugar: a nós mesmos.
E no final de cada uma, o melhor que podemos esperar é termos nos tornado mais o que somos. Ter alcançado porções maiores da nossa alma e do nosso corpo.
É tão bom quando a gente consegue se ampliar pela experiência de se arriscar a olhar pra dentro, escalando as próprias montanhas, as vezes mais altas que o Everest, e atravessando nossos rios internos a nado, mesmo que contra a corrente, o importante msm é exercitar...

Desapego aparente e essa suposta lucidez.

Eu não entendo isso.
Monto um mapa estratégico, analiso os fatos.
Ele nunca foi perfeito.
E ele não é diferente de nada que já tenha me acontecido, até porque ele não é nenhuma novidade. Eu e meus relacionamentos turbulentos, cheios de crises e incompatibilidades. Porém, esse aparente desapego e essa suposta lucidez não fazem com que meu fantástico plano seja de fácil execução. Eu gosto dele.
E agora?

Acho que um porre terapêutico dá uma anestesiada momentânea, mas pode piorar tudo...

Nem sempre é o amor que acaba...
Saudade a gente sempre vai sentir mesmo...
Mas chega uma hora em que é preciso dar tchau...
E eu tentei de tudo.
Tudo mesmo, de simpatia a terapia. Eu só não tentei ser a pessoa que ele queria que eu fosse. Até pq é foda ser o que ñ se é...
Várias situações sinalizaram o fim. Umas discussões intermináveis que ninguém sabe como começou...
Na verdade, ninguém precisa de um manual pra saber que acabou, mas a gente demora a cair na real mesmo. E como dificilmente os dois percebem o fim ao mesmo tempo… alguém tem que ser o portador da má notícia.
Os psicoterapeutas e especialistas em relacionamento defenderiam a sinceridade (eu acho). Mas pensando na experiência pelo lado da “bunda” (até porque geralmente sou escalada pra esse papel), acredito que o mais importante é que o “pé” seja gentil.
Mas então toda aquela conversa mole de… “Preciso me focar no trabalho/estudos”… “Você merece alguém melhor”… “Estou num momento de ficar sozinho”… “Não é você, sou eu”…
Toda essa conversa mole pra boi dormir, tem lá sua serventia: camuflar a verdade mais doída e desnecessária – ele simplesmente não tá mais afim. PRONTO!
Por outro lado, se pra manter um relacionamento vale tudo (ou quase), pra terminar, não. Dar uma de “mister m” e simplesmente sumir é uma atitude que tem até requintes de crueldade. E pedir um tempo quando se sabe que esse tempo é a vida inteira é coisa de quem só quer se livrar de uma presença indesejada sem grandes constrangimentos – numa palavra: covarde!
E se quiser mesmo ser sincero, seja por uma boa causa: procure algo muito bacana na pessoa e ELOGIE DE VERDADE.
Isso não vai aliviar a a dor no forévis, mas um dia ela vai se lembrar disso.
E é assim mesmo, infelizmente pouquíssimas coisas aliviam essa dor. Quase todo mundo apela pro álcool ou pra alguma erva tranquilizante... Particularmente acho que um porrezinho terapêutico até que ajuda sim. Dá uma anestesiada momentânea. O problema é que quando isso não ajuda, PIORA MUITO. E aí eu acabo a noite ou chorando ou pegando um desconhecido qualquer na balada...
Por isso, dá próxima vez que eu for tentar esse alívio momentâneo, vou fazer isso em casa! De preferência acompanhada de umas amigas... Mais cedo ou mais tarde eu vou ter a oportunidade de retribuir o favor, e o melhor, sem a ressaca moral no dia seguinte!