segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

África, experiência de outro mundo.

Era como se fosse um teatro em que a plateia e o palco se misturavam. 

No primeiro cenário, um emaranhado de conceitos, atos, ritos, costumes estranhos e paixões selvagens que sem saber como, se entendiam sob a forma de dialetos tribais.

Os meus irmãozinhos africanos eram inseparavelmente ligados a natureza de lá, fechados numa forma de raciocínio, e ao mesmo tempo acessíveis a todo tipo de impulsos vagos, sonhos, premonições, crendices, vivendo a séculos de distância da nossa civilização urbana e niveladora. Almas que a rotina ainda não tinha conseguido estereotipar, tinham fé no extraordinário e no milagre da vida.

Nain era um menino de oito anos, nascido lá, e que aceitava aquele ambiente com naturalidade. Dentro da sua mágica visão infantil, episódios insignificantes faziam todo sentido e os acontecimentos mais trágicos se reduziam a meras impressões.

Sob o meu olhar maravilhado, Nain crescia todos os dias, incorporava as lições das plantas e dos animais, absorvia a sabedoria das outras crianças e ia se desenvolvendo a cada dia.

Penso que cheguei num momento de crise, quando, encurralados pelo amor, pela doença ou pela morte, queriam desesperadamente tomar consciência de si mesmos e buscavam o sentido daquela vida.

Me vi num abismo inventado, e confesso que senti calafrios. No fundo dele estavam os grandes medos que moram dentro da gente, a incansável busca por qualquer forma de amor e o horror a solidão. Eram esses os sentimentos que estavam na alma daquelas crianças imperfeitamente absorvidas pelo convívio social ou ainda não tocadas por ele.

Estava dentro de um teatro em que não havia separação entre o palco e a platéia.


Só queria me encontrar e acreditava que para isso teria que trilhar um caminho reto. Mas só ai pude entender que o caminho certo era um verdadeiro labirinto.

terça-feira, 20 de dezembro de 2011

Quando trabalhei com crianças era engraçado como elas achavam que era eu quem ensinava tudo, como fazer algum desenho ou subir no escorregador pelo lado errado. Mas, na verdade foram elas que me ensinaram quase tudo que eu sei hoje.

As crianças lidam com a verdade de um jeito muito transparente, o que torna tudo muito simples. Nunca se constrangem com nada, apenas falam. E o jeito como falam, o jeito com que olham são suficientes pra decifrar uma intenção de simplesmente dizer o que se passa na cabeça e no coração, sem o objetivo de ofender, enganar, omitir. Nelas, tudo é sincero. 
Por que será que nascemos certos e, ao crescermos, vamos ficando todos errados? 
Por que desaprendemos a dizer a verdade? 
De onde vem o medo de magoar, de ofender, quando a intenção nunca foi essa? 
É na vida adulta que a gente aprende a ter intenções erradas e aprende a distorcer tudo.

A certa altura da tarde, brincamos de esconde-esconde. Eu ainda era pequena na última vez em que me escondi atrás da cortina ou debaixo da cama. Hoje foi bom lembrar como é ser criança e revelador observar como o olhar deles é carregado de ingenuidade. Eles procuram o óbvio porque não desconfiam de que a vida pode ser diferente do que se mostra.  Não tem mistério nenhum. Eles colocam a cabecinha para dentro de um cômodo e, se não encontram lá o que procuram nessa olhadinha, passam pro seguinte. Não têm a maldade de procurar atrás da cortina, dentro do armário, debaixo da cama. Não sentem que precisam encontrar porque não sabem se esconder. Nós, é que os ensinamos a “serem mais espertos”.


Pena que, ao crescerem, vão descobrir que nós também brincamos de esconde-esconde. Alguns são tão bons nisso que se escondem de si mesmos tão bem a ponto de nunca mais conseguirem se encontrar.  Mas ai acaba a graça: ninguém quer continuar brincando de encontrar o que não quer ser encontrado. Uma hora, desiste.
À medida que crescemos vamos perdendo essa saudável maneira de enxergar o mundo, somos levados a nos comportar como o resto, talvez seja uma forma de nos protegermos do que os próprios adultos criaram: tornamo-nos hipócritas em nome de uma sociedade contaminada, que ataca com desilusão ou isolamento quando confrontada com o íntegro; nos intregamos ao egoísmo, calamos mais e falamos menos, dando mais chance a mal-entendidos, mentiras, julgamentos. Esquecemos a verdade porque já não sabemos mais como lidar com ela. E a gente vai levando...
Por outro lado, se tentarmos resgatar os valores da infância, seremos constantemente massacrados. Se dissermos o que sentimos, perdemos o amor, porque ele se assusta, a sinceridade ameaça e até ofende.
O problema de crescer com consciência dos valores da infância é que isso causa um certo sofrimento,  um inconformismo sem tamanho. Esperamos que a vida seja justa como nos contos de fada, que o bem sempre vença, que os maus sejam punidos, que recebamos recompensa ou sejamos valorizados por termos nos comportado bem, que encontremos o amor e sejamos correspondidos. É tudo uma bobagem, que deve estar nos pés de página dos livros, onde ninguém lê, a gente só descobre crescendo.

 
Mas lembro de ver as crianças desenhando e buscando cantinhos em branco, em folhas já desenhadas por outras crianças e tive a clara dimensão do que é começar de novo, encontrar um novo espaço, uma abertura, um motivo pra fazer o que ninguém fez ainda. As crianças, mesmo sem querer, lidam bem com o passado, que, para elas, é sempre recente e desenham por cima se for preciso.

Elas olham para a frente, e esperam sempre o melhor, ainda que com ingenuidade. E é por isso que são tão especiais.

Nesses tempos modernos, ninguém morre de desgosto. Apenas sobrevive. E é isso que machuca.

Faria tudo outra vez. 
Como se não houvesse amanhã. 
Teria as mesma dúvidas de sempre e perderia noites maldormidas por causa da ansiedade incomodando debaixo do travesseiro. 
Mas olharia mais nos olhos, eles sempre falam mais alto do que qualquer tom de voz..
Mesmo sabendo do final, faria tudo outra vez. 
Dedicaria os melhores pensamentos, torceria pra dar certo, ainda que caminhasse pra dar tudo errado. 
Mergulharia sempre assim em tudo. Afinal de contas, esse é o unico jeito de enfrentar o medo de não ter tempo pra viver tudo. 
Coragem demais é medo às avessas. 
Cuidado demais é coragem guardada.
Teria as mesmas brigas: são elas que costumam revelar os sentimentos guardados, os comentários não ditos, e a sinceridade freada pelo medo de magoar. 
Tanto medo...  
Medo de magoar, de desiludir, de decepcionar, de mostrar os defeitos, o instinto.  
Como tinha de ser. Mas nunca era.
Faria as mesmas viagens, as mesmas descobertas. Tiraria as mesmas conclusões, talvez mais amplas pra evitar tanto erro. Daria o mesmo valor exagerado ao deslumbre.  
Poderia ser ainda melhor.  Queria ter ido além. Teria valido a pena.  
Nesses tempos modernos, ninguém morre de desgosto. Apenas sobrevive. E é isso que machuca.
Continuaria absorvendo cada "não" como tragédia e cada "sim" como um prêmio. 
Manteria as mãos dadas com o intenso. 
Não sufocaria os sentimentos assim, como quem apaga  a chama da vela com a saliva.

quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

Só quis ser e mais nada.

Acordou, há tempos não acordava assim. O sol já se adentrava pela janela e invadia o quarto. Calor, muito calor, espreguiçada, bocejo, preguiça... 
Saiu da cama rumo ao chuveiro. Banho frio, e pensamentos sóbrios cor de rotina. 
Pensou ser melhor vestir uma blusa colorida pra disfarçar tanto cinza, e o engraçado é que lá fora o céu estava azul, mas ainda assim, cara de rotina. Lavar o rosto com sabonete de argila, “isso hidrata e melhora a pele, minha filha”, silêncio profundo, ninguém disse nada. 
A casa tem muitos ruídos, mas o silêncio profundo, vem de dentro. Os pés quentes de tanto calor ou seria vontade de andar? Colocar sandálias pros pés respirarem.
Uma nova espreguiçada e se sentar prum café da manhã. Comer pelas manhãs sempre dá uma disposição. O café, cheiro de companhia à mesa, há tempos seu café seria também sua maior companhia, algo quente e próximo como um cigarro, o melhor amigo de tanta gente. 
Por que cigarros? 
Pra que fumar? 
Se cigarros nunca cheiraram como flores...
Comeu logo, será que devo escovar os dentes ou deixar esse gosto de café aqui,  só mais um pouco? Preferiu escovar os dentes. Não calçou os sapatos. Fingiu se esquecer das horas, mas lembrou.
Chave na mão, disse tchau pro vizinho que regava as flores, embora não existissem nem vizinho e nem flores. Mesmo assim, desceu às escadas em direção à rotina, carregando a chave na mão direita e algum sentimento na mão esquerda, sentimento que não distinguia e talvez nem sentia. Fingia sentir, fechava os olhos pensando em outras coisas...
Pela rua, muitas pessoas e também nenhuma, não havia trabalho, não havia ocupação, não havia dor de cabeça. Sentia-se egoísta por isso, como poderia estar mais tranqüila do que os outros? 

Todo mundo com tantas sacolas e tanta pressa, e eu aqui andando pelo asfalto? Parou na praça da liberdade de frente à fonte, sentiu cheiro de flor e se lembrou que gostava de verde também. Decidiu comprar um vestido. Sobre o vestido sabia que seria verde, verde é sempre bom, também serve para combater o cinza. Andou pelas ruas da Savassi, olhou as vitrines, quis casar com Chico Buarque e não entrou em lugar nenhum.   
Sentiu-se verde, leve e teve uma vontade de abraçar alguém. Abraçou as idéias e logo se esqueceu do que pensava.
Irritou-se com o cachorrinho, por que os cachorros parecem estar menos sozinhos nesse mundo cão? Tinha inveja dos cachorros porque queria ser um deles, pra ser capaz de encostar nos outros com todo aquele ar de plenitude.
Continuou a caminhar, desejou ser diferente e quis deitar bem no meio do centro da cidade, no meio daqueles prédios e daquelas pessoas apressadas cheia de sacolas.
Olhou pra cima, viu pombos, riu deles.
Entrou numa galeria de arte e imaginou que os artistas deveriam ser os mais ocupados de todas as pessoas. Por um instante desejou que os pensamentos fossem ocupações, mas logo respirou aliviada por não serem. Gostava de pensar em vão. Olhava quadros e pensava que a estátua da fonte era mais bonita. Sentiu raiva dos artistas com sua prepotência, será que eles nunca tinham reparado  o tamaninho do amarelo diante de uma primavera?
Parou de procurar vida em toda esquina! Sabia que nenhum sentimento viria do nada, mas, ainda assim, procurava.
Ela saiu em silêncio, aquele mesmo silêncio de dentro, o único ruído vinha da chave que balançava no bolso.
Perdeu-se sem saber pra onde ir. Abriu a bolsa, despejou tudo o que tinha, queria voltar pra casa. Ela já não sabia que desde o início aquele dia seria cinza?
Fechou os olhos e respirou fundo. Não queria voltar pra casa. 
Tranquila, ela aceitou os fatos, e se alegrou, quase deu um pulo. Vibrou por saber que a primavera estava era ali mesmo.  
Quis correr, mas sentiu que era parada que ela se sentia presente. 
Fincou os pés no chão, no presente.
Pensou só no essencial.
Rapidamente e deixando de lado todo o resto, soltou o sentimento da mão esquerda, jogou a chave pro alto.
Só quis ser e mais nada.

dispenso a pressa...

dispenso a pressa que me tire a alegria de viver
que me tire a saúde
que me tire o prazer do dia a dia

pra onde mesmo estão indo?
podem ir sem mim
eu não tenho hora pra chegar...

quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

O meu coração.

Decidi que agora vou escutar meu coração.
Não daquele jeito que as pessoas dizem, quando querem dar um conselho. 
Quero escutar o som que vem dele.
Aquele tum tum...
A nota que começa e termina para que depois comece outra. 
Penso no meu coração em nota Sol. 
Qual seria o timbre?
Para ouvir a música que meu coração carrega em Si,  fecho os olhos, respiro, paro, escuto.
Meu coração é quase uma orquestra, cheio de notas e acordes.  
Músicas que se misturam lá dentro.
Mas lá dentro não sei se é tenor, ou é temor. 
Meu coração jazz....
Meu coração tem sons indecifráveis. 
Alguns estranhos, outros comuns...
Tem horas que ele produz uma batida diferente tentando enganar. 
Eu sei que ele gosta de criar músicas novas...
Esse coração as vezes tem uns tum tums  que são na verdade uns tic tacs de pura ansiedade. 
Apesar de não gostar de relógios, o tictac espera alguma coisa que eu  ainda não sei bem o que é. 
Espera paciente mesmo sem saber o que quer. 
Quer muito. 
Quer demais.
Meu coração precisa de silêncio para que novas músicas se criem. 
De vez em quando ele se cala, sefinge de mudo. 
Mas está ali. 
Forte. 
Presente. 
Foi calado que o meu coração aprendeu a ouvir e a observar o mundo de longe. 
Espera quietinho, escuta. 
Aprende a escutar os silêncios. 
O tic tac se mistura com os tum tums.
Meu coração não se cansa, não sei bem porquê. 
Bate feliz, e quer mais. 
Novas músicas, outros silêncios, batidas indecifráveis, novos acordes , tudo  junto e ao mesmo tempo. 
Meu coração quer muito mais que um tic tac imperfeito.

quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

Depois que a chuva passou, e que cada um seguiu o seu caminho, bateu uma saudade, ou talvez só uma vontade de ligar pra saber como você tá. 
Sobre a saudade, posso dizer que ela não tá ligada ao amor ou à volta.
O que posso tentar descrever aqui é uma espécie de falta, uma lembrança forte daquela presença e, talvez, uma espécie de negação de não saber se acostumar com o silêncio e com a distância de duas pessoas que já foram tão próximas e que, de repente, passaram a habitar vazios distintos. 
Vem agora um desejo envergonhado, escondido, e orgulhoso já que a dor passou e, agora, quem sabe o sentimento é outro, felicidade, paz, ter um carinho saudável um pelo outro, mesmo depois dos escorregões que tanto nos atormentaram.
Sinto uma vontade inexplicável de perdoar.
Sinto vontade de pedir perdão, mas, deixa pra lá... 
Te desejo o bem, de verdade. 
Chegou o momento de buscar algum tipo de leveza que me conforte e que me acalme. 
Tenho mantido o coração em silêncio para que ele se recupere de forma saudável e tranquila. 
E ai depois de refeito, poderá se abrir denovo, sem medos. 
Vou de coração aberto pra novos mergulhos. 
O silêncio assusta, é só uma pausa pra respiração.
Mas não sei porque, hoje tive vontade de te agradecer por ter feito parte dessa época tão boa e ter sido o primeiro amor, primeiro salto, primeiro mergulho, primeira vontade, primeira falta, primeira mágoa, primeiro tombo. 
E por ter vivido primeiros tão bons momentos, ter me feito acreditar no amor e querer entregar pra você todas as coisas que todos desejam entregar pra essa palavra tão cheia ou vazia de significados: amor. 
Então, eu queria entregar pra você todas as alegrias, e confesso que na época pra mim nenhuma alegria era maior do que estar com você.
Sei que caminhei pelo caminho mais longo, mas de nada me arrependo, nem mesmo de ter tropeçado tanto depois do depois. 
Se o amor é assim, intangível, talvez precise de silêncios para se recompor. 
Mas aquilo que já foi dito e tão pouco entendido, continuará persistindo até o fim dos nossos dias e, ainda bem, acredito ser o amor a cura de tudo.
O amor se transformou, mesmo que as vezes ainda se confunda. 
Virou outro. 
Como numa metamorfose ambulante.
Agora, de verdade: mando bons fluidos para você. 
Desejo que seus olhos continuem a passear por ai e que seu peito não se cale nunca! 
Só sinto falta daquele colorido que se dará de outras formas e cores a partir de agora. 
Te desejo o bem.
E te desejo mais, 
desejo que um dia você consiga abraçar alguém com verdade, com aquela mesma verdade daquele abraço que um dia nos uniu.

terça-feira, 29 de novembro de 2011

Dia frio hoje,  uns 15 graus. 
Falta quase um mês pro que tanto espero ou desespero.
Das janelas do carro vejo ônibus, outros carros, e os ruídos de um interior que teima em ser cidade. 
E não é que já é?
Tá quase na hora de ser gente grande. 
E seguir nesse caminho não vai ser tão fácil. 
Invento silêncios, movimento puro. 
Sinto tanto medo que suponho já ter virado coragem.  
Medo daquele medo antigo que nem sei se existe mais.
O ano vai acabar como começou, intenso. 
Na divisão exata entre amor e dor. 
Na experiência não narrável do encontro. 
Sigo Belíssimo horizonte...
Tem começo um novo instante, 
quando o corpo já não é mais corpo, 
as palavras já não são as palavras, 
e o que sou já é outra coisa.
E é isso que assusta tanto 
apesar de toda a minha coragem.
Sinto demais, 
demonstro de menos, 
vivo acelerada 
mas só queria em pausas o que não tem como parar...
Quem sabe ela tenha decidido fugir e recomeçar. 
Quem sabe ele nem tenha se importado tanto e tenha continuado com esperanças de que pudesse dar certo.
O fato é que nenhum dos dois se importou com a volta, 
e a verdade é que nenhum se apaixonou de verdade e nem de mentira.

terça-feira, 22 de novembro de 2011

Outro dia estava reparando nas pessoas que escrevem bem. 
Pessoas que escrevem bem normalmente passaram por algum tipo de experiência marcante. 
Experiências capazes de mudar a própria vida e que pode, também, mudar a do outro.
Ou então são pessoas que lêem muito.
Pessoas que lêem são perigosas.
E o perigo está muitas vezes na desconstrução dos limites.
Quando a imaginação se torna um ideal mais palpável do que uma ideologia qualquer
Essas pessoas vivem tudo o que há pra viver.
Mas quando não conseguem atingir tamanha intensidade
Simplesmente imaginam uma história.
É a história da vida.
Então basta escrever 
Para continuar vivendo e
Mais do que isso
Compartilhar um pedaço de suas vidas com aqueles que têm sede de mundo.

segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Sobre a espera no outro.

As vezes eu penso que a gente só tem a gente. 
E qualquer outra idéia não é nada mais do que a espera no outro.
Que o outro fale, que o outro perceba, que o outro entenda. 
Mas o outro não entende. 
Não entende porque não é a gente. 
Ele acha que entende, mas na verdade ele não consegue ver porque os olhos são outros.
E o íntimo, o espírito, o pensamento, o sexto sentido falam todos de uma só vez. 
E a gente cisma em ensurdecer por dentro e ouvir um outro qualquer. 
O alheio parece mais sábio.
Ele fala mais alto.
Por que é que ele sempre tem razão ein?   
Qualquer boa vontade alheia é lucro, caridade, compaixão, gentileza, consideração... 
Com um pouco de sorte, amizade; 
mais sorte ainda , é amor. 
Mas tudo isso não é da gente, é de quem o tem. 
Porque a gente sabe, no fundo, bem lá no fundo, que na verdade não tem ninguém.

Penso pelos meus olhos de criança.

Tenho crianças ao meu redor e amo muito estar com elas.
Aprendo muito com elas, porque elas me dizem muito do que sinto.
Na verdade eu me passo por uma delas só pra estar sempre por perto.
Elas me contam como veem o mundo...
E eu tento entender 
Mas se bem que nem precisa.
Elas não precisam.
E hoje eu preciso tanto, mas tanto delas...
Elas estão por toda parte.
Será como é ver por esses olhos que já sabem tudo?
Onde foi que eu deixei essa parte que era minha e eu perdi?
Se bem que perder o que se teve é reconhecer que sabemos onde guardamos as lembranças,
Todos os porquês dessa magia.

Nem sei porque estou falando isso,
Eu queria falar de coisas que vivi hoje.
Mas ai resolvi escrever sobre o que realmente sempre me tocou.
Vejo que ainda penso pelos meus olhos de criança.
E sei que um dia quando ver meus filhos,
Aí sim, vou aprender com eles todos os dias e vou dizer:
 
- Meu filho, me conta tudo o que eu sempre quis saber...

Todo mundo sabe demais e eu só sei tanto quanto.

Não como eu era antes.
Nunca o meu passado.
Não faz mais diferença...
Permaneço atenta e até desconfortável.
Mas por onde passo deixo a porta aberta.
E ainda assim permaneço assim
atenta e até desconfortável.
 
Será que alguém poderia me dizer como e o que devo fazer pra me proteger do acaso?

Eu não queria mais,
Mas ainda quero.
Eu poderia
E posso.
Mas não tenho
E posso.

Eu não quero, 
E posso.
Posso?
 
Vou, mas não quero.

Eu não penso.
Penso?

Sorriso.
Sorriso?

Guardo na voz o meu silêncio.
Quero  contar histórias pros netos e morrer bem velhinha.
Quero?

Ainda permaneço atenta e desconfortável.
E chego a ficar em pânico.
E minto,
Minto?
Alguem disse: Fugir.
Mas não fujo.
Finjo.

Peço ajuda
Novamente.

Todo mundo sabe demais
E eu só sei tanto quanto.

E fico assim:
Permaneço atenta e desconfortável.
 
Agora ouço um jazz bonito. 
Será porquê ainda penso nisso?
Deve ser porque não consigo pensar e mais nada.  

Não há vida inteligente em um trago de cigarro.
Mas talvez ele seja é o único que me entenda.
Entende?
 
Ando por ai...
Mas ninguém nota.
Qual será a nota de 0 a 10?
 
Vivo sem saber porquê penso.
Melhor ir embora
Vamos embora.

Viver pode ser como um dia claro sem nuvens

Havia algo além das entrelinhas...
Havia algo além de mensagens subliminares...
Havia algo de magia...
Havia algo além de quase tudo.
Além do sono e da vontade de amanhecer adormecido do sonho da noite anterior...
Do dia anterior...
Da vida anterior

Viver pode ser como um dia claro sem nuvens...

Eu já sei onde procurar meu passo sincero no tempo.
 
Havia o mundo além do sono
e do sonho.

quarta-feira, 5 de outubro de 2011

Sobre o amor de novela.

Sobre o amor de filme, aquele de querer um igual, ele só exige dois.
Dois atores, uma história e um roteiro pronto pra seguir...
Mas na vida real... a história é outra...
Alguns tem a sorte de serem correspondidos, enquanto outros decidem tentar suportar...
Não sei explicar o motivo pelo qual o amor sempre se esquece de começar... 
É engraçado como ele simplesmente não pede licença, entra sem bater, vem e fica sem ser convidado, se instala como um intruso dentro de nós. 
E fica lá incomodando, enchendo o saco, ora na cabeça, ora no coração... 
Passeia pela alma à vontade como se estivesse em seu habitat natural, até ocupar todo o espaço que você não deu...
Isso só até ele se acomodar.... 
Só até olharmos pra ele e perguntar: “O que que você veio fazer aqui ein?”. 
E ele deveria responder: "Eu só vim atormentar".
Mas o problema é que ele nem sempre é sincero... Normalmente ele é um cagão, não tem coragem, não tem orgulho e nem pudor... E digo mais, ele não tem um pingo de vergonha na cara!
Ele chega assim de leve, sem fazer barulho...
Se pelo menos avisasse que ia chegar,  seria possível nos preparar, ou então simplesmente ignorar.
Arranjar uma desculpa qualquer só pra não ter que o receber...
Sumir antes que ele sumisse com a gente.
Porque o amor, às vezes, é inconveniente. 
Ele tira a segurança do seguro.
Ele tira o chão.
Ele tira o ar daqueles que sempre tiveram muito fôlego. 
E não satisfeito: ele some com a razão de um jeito perigoso e irritante nos transformando em verdadeiros idiotas.
E é assim mesmo, desse jeito, chega sem aviso prévio e desestrutura tudo...
Embaraça. 
Denuncia.
Distorce. 
Engana. 
Desmemoria. 
Se diverte à nossa custa. 
Rola de rir, essa é a verdade.
Nos deixa sem referência...
Esse amor que se esquece de começar quer uma emoção que não queremos ter. 
Tira o sono, inquieta, martiriza. 
É uma aflição esperançosa que parece nunca se cansar de esperar.
Escraviza.
Persiste.
Usa e abusa.

terça-feira, 4 de outubro de 2011

Decidi parar de usar a TV, porque ela estava me usando demais...
Decidi me desligar do virtual e de todo o sobrenatural. 
Me desliguei dos amores antigos, das mágoas, dos problemas, das obrigações, dos medos e de tudo aquilo que já não me pertencia mais... 
E isso tudo, porque tomei a sábia decisão de procurar até me encontrar.
Comecei me procurando na mente, na alma, no coração, depois passei pelos desejos proibidos, pelas vontades passageiras, e em todos que tinham algo de bom pra compartilhar comigo...
Decidi que eu ia simplesmente Ser.
Antes de ser dos outros, seria minha, a minha melhor companhia, a minha maior aliada, e o meu melhor amor. 

segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Festa estranha com gente esquisita.

Era uma festa da tradiconal família mineira.
E todos que estavam ali
Queriam participar,
Queriam interpretar,
Queriam personificar,
Queriam acompanhar,
Queriam difundir,
Queriam ousar,
Queriam ultrapassar,
Queriam informar,
Queriam experimentar,
Queriam negligenciar,
Queriam fazer,
Queriam honrar,
Queriam lastimar,
Queriam esconder,
Queriam brigar,
Queriam morder,
Queriam viver,
Queriam vomitar,
Queriam violentar,
Queriam dominar,
Queriam desinformar,
Queriam diminuir,
Queriam observar,
Queriam responder,
Queriam atropelar,
Queriam dispersar,
Queriam encontrar,
Queriam sustentar,
Queriam permanecer,
Queriam rir,
Queriam rosnar,
Queriam resmungar,
Queriam procurar,
Queriam ouvir,
Queriam olhar,
Queriam exceder,
Queriam exorcizar,
Queriam desconsertar,
Queriam rasgar,
Queriam racionalizar,
Queriam solucionar,
Queriam zombar,
Queriam descontruir,
Queriam estar lá...

É que...

Quando eu resolvi jogar tudo pro alto eu nunca imaginei que cairia tudo sobre a minha cabeça.

quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Isso não é um manifesto anárquico, muito menos uma ode a irracionalidade.
É só um apelo ao coração.
O que te move, o que dá sentido a sua existência?
Fazer bem o que se quer, com vigor.
Menos rótulo, mais ação, mais VIDA no dia a dia e menos formalismo
.

terça-feira, 27 de setembro de 2011

Deixa fluir.

Aos que acreditam que um companheiro é algo indispensável pra vida... e que passam por ela procurando, nada mais do que belos "troféus", para serem exibidos numa roda de amigos e familiares. 
Será que isso é mesmo necessário? 
Eu acredito que as relações humanas são essenciais. 
E que quanto mais interagirmos com um maior número de pessoas, melhor, mais crescemos, mais evoluímos. 
Mas também acho que isso deveria acontecer naturalmente, os amores, os amigos, os sentimentos deveriam fluir. 
Então, não precisa sair desesperado pra "caça" depois de ver um comercial de margarina na tv.
É só deixar fluir...
Vou indo e voltando.
Chegando e partindo.
A estrada e o céu.
O meu coração e o mundo.

segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Tentei fazer com que o peso fosse leve.

O meu amor não tinha desejo de posse, e nem nunca teve. 
É estranho ver, mas aquele querer que eu achava ser maior do que tudo, começou a aceitar o tamanho do mundo.
Eu não quis amarrar você em mim. 
E nem quis despermitir. 
A nossa história foi feita de vôos, despedidas, fins, meios de aceitar o difícil, desde o início, já era isso. 
Tentei fazer com que o peso fosse leve. 
E sorri, apesar de tudo. 

terça-feira, 23 de agosto de 2011

Eu só quero agora desacreditar.

Silêncio, o meu silêncio, o seu, e o mundo lá fora gira na maior barulheira.
Seguir sem querer virar a página, vontade sem limite de insistir. 
Querer o que sempre pensei que não ia mais querer, lamentar que a vontade nem era de verdade. 
Te querer quase sem querer, sem pensar, sem razão. 
Parar de atormentar a minha memória com culpas, procurando um indício que me indique um erro, o meu erro, o seu, o nosso. 
Parar de sentir raiva mesmo sem sentir.
Parar de confundir o real com o possível, o amor com a amizade. 
Parar de tentar entender o que foi e o que não foi,  de culpar o tempo, a distância e o medo.
Eu só quis evitar o nosso fracasso, inventar pretexto pra te ver, pensar em você de manhã, de tarde, de noite, e também de madrugada e de procurar o seu corpo em outros abraços, em outros braços, em outras palavras. 
Prometo tentar não mais relacionar tudo à sua presença.
Eu só quero agora desacreditar, aceitar que tudo se foi, impedir que a gente seja como os outros, que a gente seja como todo mundo, que a gente seja comum, e que a gente também seja possível de acabar.

Ao começo dos começos.

Penso que a minha solidão conhece a sua. 
Ninguém até hoje te conheceu mais do que eu e você sabe disso.
Mas parece que agora, depois do sim, depois do não, volto ao ponto inicial, ao começo dos começos. 
Ouço as mesmas músicas, visto as mesmas roupas e saio com os mesmos amigos. 
Nada aconteceu. 
É como se você fizesse parte de uma invenção minha, de algum delírio pessoal. 
Será que a gente esteve junto de verdade alguma vez? 
De agora em diante declaro lemas mentirosos pros outros. 
Minha mente gira e agora sou eu quem estou cansada de tanto girar.
Deve ser porque o meu coração está partido e as vezes tenho medo de não conseguir consertá-lo.
Tenho medo de que no lugar dele tenha sobrado só um terreno fechado.

Vou fazer com que a gente exista de longe.

Vou deixar que você se solte e saia caminhando por ai...
Vou virar de costas, fechar os olhos, respirar fundo e deixar que você seja guiado pelos próprios passos, pelo próprio coração. 
Vou deixar você ser esquecido e ser somente mais um morador das minhas lembranças boas, promessas desmedidas e de um amor maior. 
Vou observar você de longe enquanto promete coisas pra si e nada mais. 
Vou deixar você se afundar em palavras vazias, em outros olhos, e que você se lembre de mim com ternura, como se fosse mais um verão, como se fosse a verdade, como se fosse algo um pouco mais que isso tudo...
Vou fazer com que a gente exista de longe, como duas coisas que justamente por serem tão longes não foram capazes de existir.
A gente se perdeu, foi isso. E agora eu fico pensando se um dia eu vou encontrar alguém assim, que me faz morrer de rir, ou que me faça morrer de alguma coisa... 
A verdade é que eu não quero viver do jeito que eu vivia antes da gente se encontrar, pacata, serena, comum, quase cinza de tanta calmaria. 
Eu não quero mais saber de calmarias...
Talvez num outro cara, uma nova segurança, não a que eu buscava, mas a que eu queria...
Mas sei lá se quando eu pensar nele, meu coração vai conseguir balançar...

A mente da gente é como um baú, cheia de coisas pra guardar e pra jogar fora.

A verdade é que a mente da gente é como um baú, cheia de coisas pra guardar e pra jogar fora.
Mas quando eu acordei hoje foi inédito; eu finalmente consegui esquecer o rosto dele.
Na lembrança que está virando esquecimento, o rosto dele está em branco.
E agora que ele está finalmente saíndo de mim, vou devolvê-lo para o mesmo lugar onde eu o encontrei, para o mundo.

Depois de tanta saudade gasta em vão.

Engraçado, mas o meu coração deveria doer. 
Melhor, deveria sangrar. 
Depois de tanto murro em ponta de faca, achei que tudo deveria desmoronar. 
Não mais, deveria quebrar. 
Pra quê? Não sei. 
Pra onde? Pra lá. 
Por quê? Sei lá.
Engraçado, mas achei que as coisas deveriam ser mais difíceis. 
Melhor, deveriam ser tristes. 
Depois de tanta saudade gasta em vão, tudo deveria sumir. 
Não mais, deveria cair. 
Por quê? Sei lá. 
Por quem? Por você. 
Engraçado, deveria demorar mais pra chover. 
Melhor, deveria parar. 
Depois de tanto cansaço tudo deveria acabar. 
Não mais, deveria passar . 
Pois não? Cansei. 
Pra mim? Passou.

domingo, 7 de agosto de 2011

Sobre o meu relacionamento aberto.

Todo mundo quer ter uma companhia, mas é cada vez mais difícil acreditar no felizes para sempre.
Eu sou adepta do relacionamento eterno enquanto dure...
Outro dia li uma frase de Danielle Mitterrand que dizia: "Achar que somos feitos para um único e fiel amor é hipocrisia, conformismo. É preciso admitir docemente que um ser humano é capaz de amar apaixonadamente alguém e depois, com o passar dos anos, amar de forma diferente." E ela terminou citando Simone de Beauvoir: "Temos amores necessários e amores contingentes ao longo da vida".
Eu estou falando de relacionamento aberto sim, mas não de putaria, de um relacionamento escancarado e vulgar, em que todos se expõem e se machucam.
No meu relacionamento aberto a abertura é mental e não precisa ser sexual. 
Porque a gente já entende que possessão não vai nos levar a lugar algum... 
Nesse relacionamento eu amo o meu companheiro em todas as suas fragilidades e incertezas. E a gente já entende que esse estar junto é só pra trazer alegria e cumplicidade, e não sufocamento e repressão. 
E foi assim, depois que optamos pelo relacionamento aberto, aberto nesse sentido, que conseguimos construir uma relação feliz pra gente, e não pros outros.
E tudo que a gente sofre, aceita, ou rejeita tem como resultado o nosso crescimento como seres individuais que somos.
E quanto ao relacionamento aberto, eu posso dizer que não conheço nada mais difícil, mas também nada mais bonito. 
E a beleza nunca está nas mesquinharias e infantilidades. A beleza está sempre um degrau acima.

sábado, 6 de agosto de 2011

Entendi que não adianta tentar mudar o cenário. Sou eu quem preciso sair dele.

Foi quando eu percebi que havia algo errado comigo...
Alguma coisa me diz que esse não era o lugar. 
Parece que nada me completava. 
Eu precisava mudar, e decidi mudar. 
Fui pra África,conheci gente nova, ouvi novos sons, li muita coisa boa e ai voltei. Voltei a realidade e descobri que tudo estava como antes.
Só agora eu entendi que não adiantava ter uma cabeça quando todo o resto tinha outra. 
Não adiantava pensar no futuro quando a maioria ainda estava atrelada ao passado. 
Entendi que não adiantava tentar mudar o cenário. Era eu quem precisava sair dele.

Não precisa chamar, porque eu sempre estarei lá.

Eu não gosto que me peçam nada, nem aquilo que eu posso dar. 
Eu tenho medo das relações de dependência. 
Eu não gosto quando precisam de mim com hora marcada e com algum motivo específico.
O que eu gosto é quando precisam de mim o tempo todo, a qualquer hora, sei ouvir o chamado silencioso da amizade e daquele amor que não cobra nada, estarei lá sem que me vejam, sem que me ouçam, sem que me percebam e sem que me avaliem.

segunda-feira, 20 de junho de 2011

O tempo cura mas também afasta.

Ontem vi você com aquele jeito manso e distraído, como se o mundo estivesse aí, pra nada. Como quando a gente era criança e brincava de achar desenhos nas nuvens e de montar as cidades de lego.
Sabe, eu não consegui dizer, mas ontem sonhei com você. 
A cortina deixava entrar uma luz fraca que aumentava aos poucos.
No sonho e na realidade houve este gesto inconcluso.
E a vida aqui em casa segue indiferente.  
O tempo cura mas também afasta.
Nós estamos nos afastando, e era isso que eu precisava dizer.
Hoje, diante de você, me faltou coragem. 
Nunca mais fiquei vendo o tempo passar na janela, somente hoje voltei pra cá pra ver a chuva lavar o asfalto. 
O estranho é que eu percebia suas atitudes, mas achava que isso não queria dizer nada. 
Esquecia que cada sinal tem sua força específica. E eles se sucederam, cumprindo o destino.
Diante dos seus olhos que olham para lugar algum, minha coragem é vencida pela sensação de impotência. Tenho me perguntado: por que ou para que você voltaria? 
Reconheci algo em você que não sei bem definir. 
Eu gostaria de lhe falar de mim e do mundo. 
Para tentar fazer com que você enxergue.
E, talvez até volte pra nossa casa.
Tô cansada já.
E vê-lo assim é como me calar também quando eu deveria gritar. 
Eu sei que foi uma escolha sua. Ir se afastando, abrindo um caminho desconhecido para o qual só você tem acesso. 
Pra que obrigá-lo a voltar? 
Ninguém compreende isso. Eu sim, talvez porque também nunca quis o que se chama mundo real, talvez por isso eu o compreenda.  
A gente sabe a fala de cada um e também qual o passo seguinte. 
Aqui eu devo parar. 
Essa é a sua marca. 
O silêncio é agora a sua fala maior. De dentro de minha dor eu me calo para que você se fortaleça. 
E, quem sabe eu compreenda finalmente.