sábado, 2 de abril de 2011

E isso... bem, é isso...

E isso de ter que aguentar o silêncio, o meu silêncio, o seu, enquanto o mundo lá fora caminha e gira.
E isso de ter que seguir sem querer virar a página, e não ter que virar, e esse querer quase sem limite de insistir.
E isso de desejar o que sempre pensei que nunca desejaria, e de lamentar que o que desejo muitas vezes não é de verdade.
E isso de te querer quase sem pensar, quase sem razão, como num movimento inesgotável, desesperado e urgente.
E isso de ficar atormentando a pobre da memória com culpas, procurando uma chave, um indício, qualquer pista que me indique um erro, o meu erro, o seu, o nosso.
E isso de sentir raiva mesmo sem sentir, e isso de ter ciúme dela, da outra ela, de todas elas.
E isso de não entender de mim, de não entender que lugar foi esse que eu ocupei, que eu ocupo pra você.
E isso de confundir o real com o possível, a vontade com o desejo, o amor com a amizade.
E isso de tentar entender o que foi e o que não foi, e de culpar os astros, os outros, o tempo, a distância, o medo, a sua conduta, o meu exagero.
E isso de evitar o nosso fracasso.
E isso de querer transformar meus dias num lamento, de inventar desculpa pra te ver, de pensar em você de manhã, de tarde e de noite, e também de madrugada e de procurar seu corpo em outros abraços, em outros braços, em outras palavras.
E isso de relacionar tudo e tanto à sua presença, de querer te ligar mesmo sem ter o que te dizer.
E isso de dormir sozinha, com lágrimas nos olhos.
E isso de não querer desacreditar, de não aceitar que tudo se perdeu, de impedir que a gente seja como os outros, de que a gente seja como todo mundo, de que a gente seja comum, de que a gente também seja possível de acabar.
E isso, bem isso é isso.

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