sábado, 21 de agosto de 2010

Carta para o meu amigo Varela.

Mais de cinco anos se passaram e a saudade não diminuiu nem uma gota. Apesar de te contar conversar com você em silêncio o tempo todo, precisava te escrever e contar em detalhes como anda o mundo aqui em baixo. A galera continua a mesma, é difícil descrever como as coisas mudaram...
Agora a Fabi tem um filhinho, ele chama João Vitor e já tá com 6 meses... A Paulete perdeu o pai, e agora ela mora em Ouro Preto... tá todo mundo na faculdade, e eu e Brunão estamos na mesma sala...
Sabe que eu sempre fico pensando em você, como que você ia estar se você ainda tivesse aqui... imagino que você ia estar fazendo arquitetura e viajando por este mundo sabia?
Depois que você se foi as cores já não são as mesmas, as vezes eu fico lembrando de você, da gente, escuto sua risada, sinto seu perfume gostoso e me pego chorando depois... mas é uma saudade boa, gostosa de sentir, que me faz entrar em contato com você...
Mas o bom é saber que depois de um desabafo cheio de frases, meu coração fica melhor.
Os dias têm sido bem corridos, Lildes. O relógio parece que funciona acelerado, e os meses então, eles passam num piscar de olhos. Já estamos no final de julho e daí para o Natal é um pulo! Hoje mesmo cantei uma música de natal pela casa e a minha mãe me olhou com aquela cara de: “O natal tá longe filha!”
Talvez ela não tenha percebido que o tempo passou. Ou de repente só perceba quando alguma amiga dela nos encontra na rua e comenta sobre “como eu estou grande e bonita”. E modéstia parte estou mesmo viu! Me sinto uma pessoa melhor e mais bonita. Mas você sabe, continuo a mesma. Mudei pouco da foto da carteira de identidade, que fomos juntos tirar, lembra?
Mas bem, falando em cotidiano, a vida está até interessante. Apesar de levar sustos diariamente, estou ganhando experiência nessa tal vida jurídica que escolhi. Esse aprendizado serviu para que eu controlasse melhor meus sentimentos. Me tornei mais paciente, consigo respirar e contar até dez. Ainda não levo a vida muito a sério e acho difícil mudar. Hoje, estou mais aprendendo do que ensinando alguma coisa. Até porque, resolvi parar de dar conselhos. Não dou e pouco peço. Tenho tratado a vida amorosa com meu simples coração. Já me machuquei tanto... que resolvi dar um tempo aos amores impossíveis e as paixões avassaladoras. Estamos respirando (o coração e eu). Enquanto isso estou com a cabeça cheia de planos. Fico aqui, lendo uns livros, assistindo filmes e ouvindo diariamente as mesmas músicas. Em outubro vou a um festival em Itu que é a sua cara, tenho certeza que você ia amar. Não há nada que mais me lembre você do que aquela música "So many times...". Ela é bonita e é bem divertida mesmo, a sua cara! Essa música ta no meu Ipod, e sempre que eu a ouço eu sinto que ela me acalma e deve ser exatamente por isso, por me deixar mais próxima de você.
Eu descobri um gosto enorme pela música. Não consigo passar um dia sem ouvir qualquer coisa que seja. Hoje ela é parte da minha vida, como um dia foi da sua.
E bem, tenho ainda muitas coisas pra contar! Quero falar do último amor que não deu certo, do meu coração ferido e das crises emocionais. A insegurança bate constantemente a porta. Mas mesmo com tudo isso, muita coisa boa tem acontecido.
Sinto que você se foi apenas de corpo presente, porque alguém que amamos de verdade jamais se apaga da nossa vida. Não morre nunca.
Não sei por que, mas há cinco anos atrás, naquele trágico dia, naquele momento em que recebi a notícia até o final do dia, pensei demais sobre vida, morte e pessoas. Me lembro que no seu velório tinha muita gente que eu não sabia que você conhecia, e ai eu pensei: Como essa cidade é pequena. E Não. A vida é quem é pequena.
E lembro que conversando com a minha mãe ela disse; “Essa vida não vale nada filha. Um dia a gente ta aqui e no outro não”. A tão filosófica frase me fez perceber o quanto somos pequenos diante desse universo imenso. Pequenos de matéria. Grandes de sentimento.
Só entende a dor da perda quem realmente já viveu ela. E eu entendo isso a todo momento que eu penso em você. Ao mesmo tempo em que me assustei vendo você ali, eu tentei entender o motivo daquela decisão, eu tentei imaginar o que você devia estar passando.
E a saudade, mesmo que suavemente, ela vem todos os dias. A diferença é que aprendemos a lidar com a saudade e descobrimos forças de onde jamais imaginávamos. A vida é assim, vive pregando peça na gente. Talvez seja por isso que eu tenha tanto medo da morte, da solidão, do silêncio. E é por isso também que eu celebro a vida, todo santo dia!
E mesmo estando só de passagem, ainda tenho muito o que aprender.
Tenho acordado mais calma e sinto como se a cada manhã o sol me chamasse para a vida! Sinto como se você estivesse aqui, me dizendo: Vai Teacher!
E eu vou! Vou para o mundo de cabeça erguida e olhos bem abertos!
Obrigada por tudo!
Aonde quer que seja, estamos juntos, sempre meu amigo!

2 comentários:

Unknown disse...

Silvete,q bela carta ao nosso grande amigo "Lildes"!!!saudade q deu,mais ainda,dele...
sinto saudade e imensa curiosidade de saber como seria o sorriso dele,agora,para/com a gente!!
e saudade de vc tbm irmã!!!!!!!!!!!!
tá massa seu blog.
bjos.ja ja to em BHcity!!!
Paula

Sérgio Lima disse...

Ai Silvão, que triste carta amiga.... quase chorei... olha que eu nem conhecia o Varela e fiquei super emocionado... parabéns pelos seu sentimentos gatona, bjuss!!!