Ter que tolerar o silêncio, o meu silêncio, o seu, enquanto o mundo lá fora caminha e gira.
Ter que seguir sem querer virar página, e não ter que virar, e essa vontade quase sem limite de insistir no que já foi...
Querer o que sempre pensei que não ia querer nunca mais, e lamentar que o que quero talvez nem seja real.
Te querer quase sem pensar, quase sem razão.
Ficar atormentando a pobre da memória com culpas, procurando um indício, qualquer pista que me indique um erro, o meu erro, o seu, o nosso.
Sentir raiva mesmo sem sentir.
Não entender que lugar foi esse que eu ocupei, que eu ocupo pra você.
Confundir o real com o possível.
Tentar entender o que foi e o que não foi, culpar o tempo, a distância, o medo, a sua conduta toda errada.
Não querer desacreditar, não aceitar que tudo se acabou.
Impedir que a gente fosse como os outros, que a gente fosse como todo mundo, que a gente fosse comum, que a gente também fosse possível de acabar.
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