sábado, 14 de abril de 2012

Lembranças das andanças pela África...
Hoje quando peguei o ônibus para voltar para casa estava sozinha, num banco daqueles de dois, tentava controlar meu cansaço, minha recente falta de paciência com o mundo. Estava ouvindo música de olhos fechados quando senti alguém sentar ao meu lado. Era uma mulher com o sorriso mais bonito que eu já vi. No colo uma criança e ao lado, em pé, estava o marido com outra criança também pequena. Levantei e ofereci meu lugar para ele e a garotinha que ele segurava sentarem.
Eu prestava atenção no casal. Ele tratando ela tão bem, mesmo com as derrotas que pareciam estampadas no rosto dos dois. Segurando suas crianças como se isso fosse protegê-las de todo o mal.
Uma senhora entrou. Equilibrava sacolas e a sombrinha. Um menino, de aparência bem humilde levantou para que ela se sentasse. O motorista ia andando com cuidado, passando devagar pelas poças deixadas pela chuva da tarde e as pessoas relatavam os próprios problemas com bastante humor.
Comecei a pensar na burrice que era me incomodar com coisas tão pequenas. E em pouco tempo tudo pareceu tão calmo, tão simples, tão fácil de levar. Essa humanidade que temos é o que ainda nos salva de nós mesmos. Atos pequenos, que nos são quase indiferentes e que podem mudar uma hora na vida de alguém.
Eu passei tanto tempo procurando alguém em quem colocar a culpa pelas minhas frustrações e, naquela meia hora, consegui consertar tudo dentro de mim mesma. Não eram os outros, eu estava quebrada.
É muito mais eficaz resistir quando a alma, o espírito e, principalmente, o coração estão em paz. É muito mais motivador lutar quando temos alguém para assegurar.
Caminhei devagar até em casa, sentindo que não queria o fim da noite. Sentindo saudades.

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