terça-feira, 13 de julho de 2010

A linha proibida.

Tinha medo de atravessar a linha proibida.
Aquela linha tênue que separa, o possível do improvável.
Aquela linha que, uma vez atravessada, poderia colocar tudo a perder.
- Quanto posso demonstrar? Quanto posso querer?
Não queria assustar o outro com seus passos apressados outra vez.
Sentia vontade como sempre, e vontade pra ela era algo que não poderia ser nada mais nada menos do que independente de qualquer coisa.
Se ela queria, já era intenso.
E isso ela sabia que assustava, não ela, que desde nova assumiu ser capaz de correr riscos.
Mas o outro.
Os tantos outros que passaram por sua vida.
Foram muitos os corações que ela foi capaz de assustar na demonstração da sua vontade.
Embora tentasse, nunca conseguiu nunca fazer o papel da charmosa mulher que, enquanto fuma seu cigarro, lança olhares tortos aos homens durante uma noite esfumaçada.
Sempre fora a mulher que tropeçava e caía.
Que falava com voz grave e ria alto revelando os dentes.
Que derrubava cerveja na blusa branca do flerte no primeiro encontro.
Sem conseguir ser o tipo meiga, que se veste com tons pastéis, fala baixinho ao pé do ouvido, não bebe, não fuma, e sorri discretamente.
Ela tentava fingir que queria menos que queria - enquanto tentava verificar em si, sempre, se queria tanto quanto gostaria de querer.
Tinha uma predileção por grandes encontros, dramas, e as vezes até uns romances.
Fantasiava com estórias arrebatadoras até mesmo antes delas acontecerem.
De qualquer maneira, o momento era de cuidado.
Não queria meter os pés pelas mãos outra vez.
Caminhar na corda bamba, ligar menos, balançar os cabelos querendo dizer indiferença.
Mesmo sendo aquela que derruba cerveja, deveria fingir, pelo menos por alguns instantes ser uma daquelas ladies da night.

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