domingo, 17 de outubro de 2010

"Pensar é um ato, sentir é um fato", já dizia Clarice.

Infelizmente é na indiferença que o ser humano se ajeita. Porque amor e ódio estão ali, lado a lado.
Não há como dizer que odiamos, sem antes amar.
E quem é que explica a natureza humana?
Amar o diferente, ou o igual. Amar aquilo que te resgata, que te faz encarar o espelho e ter repulsa, ou vontade de amar mais e mais. Amar o sentimento amor. Amar o estado apaixonado. Amar, simplesmente amar.
Ou então odiar o diferente, ou o igual. Odiar aquilo que te resgata, que te faz encarar o espelho e ter repulsa, ou vontade de odiar mais e mais. Odiar o sentimento amor. Amar o sentimento ódio. Odiar o estado apaixonado Odiar, simplesmente odiar.
Então, acho que o sentimento é o mesmo, e o que muda é a forma de aplicá-lo, temos várias possibilidades de atuação. Pode ser cínico, falso, amável, agradável, interesseiro... ou indiferente.
E tenho pra mim que indiferença é a cama quente dos que se sentiram otários em determinadas situações.
É na cama da indiferença que essas almas descansam e sonham com dias melhores, ou piores, não importa, sonham com dias diferentes dos já vividos.
É por isso que para os indiferentes, mais difícil que passar borracha no coração e esquecer o que parecia estar dentro da alma de cada um, mais difícil do que apertar a tecla "delete" no teclado do pc, excluir um e-mail da caixa de entrada, mais difícil do que apagar o número da agenda do celular, e mais difícil que tudo isso é conseguir identificar até onde um sentimento pode e deve ir, e até onde esse mesmo sentimento pode tomar conta dos seus dias, seus pensamentos, etc.
Nesse ponto compactuo com Clarice: pensar é um ato, sentir é um fato.
Mas hoje acho que sou uma pessoa indiferente, já que anteontem fui uma pessoa apaixonada, e ontem fui uma pessoa com muito ódio.
E se hoje sou indiferente, faço dessa indiferença minha arte!
Portanto, não me deseje feliz aniversário.
Porque eu não quero o seu desejo de feliz aniversário, não quero o seu desejo de nada.
Quero apenas que você seja a pessoa mais feliz do mundo. Apenas isso.
Assim como eu quero que o mendigo da esquina de casa encontre um lugar pra morar, uma cama gostosa e tenha algo pra comer todos os dias...
É na indiferença que o ser humano se ajeita, mas é na arte que o ser humano se salva.


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