sábado, 23 de outubro de 2010

A música que embala o fim é só o começo.

Gosto de ouvir a música enquanto os créditos do filme passam. Quando todo mundo já foi embora do cinema, quando aparentemente não tem mais nada para ver...
A música do fim de filme acompanha uma solidão só minha. Geralmente bonita, a música, nunca a solidão, prolonga em mim a sensação do que acabei de ver, penetrando em mim amores que não tive, mortes que não chorei, chuvas que não tomei, ressentimentos que não vivi.
E é nesse momento que eu mais me emociono. Quando não há mais ninguém no cinema para assistir, quando não há mais a esperar, quando o escuro ainda permite que eu reflita e acabe chorando uma tristeza que não é minha, despedindo do que não me pertence, sentindo o vento de lugares onde eu nunca fui.
Quando para todo mundo o filme acabou, como quem deixa a sala de aula após o sinal, sou do contra:
Eu permaneço, fico na sala do cinema até o último minuto.
E me permito pensar, sem iludir meus olhos ou ter o coração tomado por uma beleza de cinema.
Porque, pra mim, a música que embala o fim é só o começo.

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