quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

“Eta mundo velho, né, minha filha?”.

Nesse último domingo fui em Bonfim visitar a minha vó...
A gente ficou sentada na varanda e ela olhava pro nada com uma cara de saudade... 
Me lembrei de quando eu e meus primos pintamos o tamburete com uma tinta verde...
Agora, a cor se descolava da madeira, denunciado a distância daquele tempo...
Deitei no colo dela e ela fez o cafuné de sempre. Quando ela pôs as mãos sobre as minhas, percebi a quantidade de linhas que a sua pele branquinha adquirira.
Minha avó estava envelhecendo rápido.
Senti medo de perdê-la, e ao mesmo tempo quis agradecê-la por tudo...
Mas não falei nada. A gente tem uma cumplicidade que nos permite o não dizer de palavras.
Basta uns gestos, uns olhares, uns sorrisos e um silêncio para uma saber o que se passa com a outra.
Um passarinho piou ali pertinho da gente, e o vento levou umas folhas secas que tavam caídas no quintal...
Ai ela suspirou e me disse: “Eta mundo velho, né, minha filha?”.

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