quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Escutando a conversa alheia.

Não sei se eu já contei isso aqui, mas eu tenho mania de ouvir a conversa alheia.
Não são todas, mas qdo rola eu sempre ouço...
E é engraçado que eu sou bem dispersa: não sou muito de reparar em decorações, cabelos, sapatos.... mas se eu tiver sentadinha esperando alguma coisa e vc tiver falando com alguém perto de mim é bem possível que eu participe do seu assunto.
Passivamente é claro, mas com muita atenção.
Mas se não me agrada, eu logo me desconcentro e começo a pensar numa outra coisa qualquer...
Em todos esses anos de exercício em filas, ônibus, consultórios e tals aprendi que o nível do assunto é proporcional à idade de quem conversa:
Por exemplo, os velhinhos não falam só de doença!!!
Eu já escutei várias coisas bacanas, umas lições de desprendimento e de sabedoria...
Escutar criança também é bem legal...
No geral adolescentes são meio chatos e depressivos, as mães reclamam dos filhos, das noras, os homens reclamam do time e as mulheres quase sempre reclamam dos homens.
Pois bem, isso foi uma introdução. Eu quero é contar uma coisa que ouvi ontem na fila do banco. Se não tivesse ouvido com os dois ouvidos eu nem ia acreditar que ainda tem gente que pensa assim em pleno seculo XXI.
Duas mulheres, uma de uns 30 anos e outra mais velha, tipo uns 40 assim... ambas reclamando da "pãodurice" de seus companheiros. Eu disse: companheiros. Repetindo: companheiros.
Nem eram maridos! Ambas sem fonte de renda própria, indignadas pq não sabem o salário de seus namoridos. Diziam que já tentaram de tudo: pediram pra ter conta conjunta, fuxicaram nos documentos deles, perguntaram discretamente ou abertamente...
segundo a mais velha, só tem "uma idéia pelas coisas que ele compra lá pra casa..."
E a mais nova disse que "deve ser muito, pq ele dá tudo que eu quero".
Dai elas partiram pras confissões de como faziam pra arrancar dinheiro deles.
Mentiras, chantagens, pequenos furtos... Eu já tava de cara!
Qdo lá pelas tantas a mais nova cogitou arrumar um emprego, pq ficava irritada cada vez que o cara reclamava pra pagar a fatura do cartão DELA. Eu disse DELA. Repetindo DELA.
Até então eu estava escutando envergonhada, mas depois fiquei sinceramente interessada. Merece até a minha atenção! Porque como assim? 
Mulheres saudáveis, relativamente jovens, solteiras e desempregadas vivendo sob o financiamento de homens que nem são seus pais.
Eu jurava que isso só acontecia na novela das oito. Pra mim a classe média só se juntava pra dividir as dívidas... hohoho
Tô brincando, eu sei que não é só pra dividir as dívidas que o povo se junta, mas enfim... eu não imaginava que pessoas normais, de classe média também bancavam mulher sem nem estar casado com ela.
E eu não imaginava MESMO que mulheres ainda pudessem achar que homens tem obrigação de sustenta-las.
Não dá pra generalizar. São apenas dois casais!
O fato é que mesmo fazendo todo o esforço pra não julgar, voltei pra casa pensando em quantas mulheres gostariam de uma "fonte de financiamento" dessas... sim, pq as que fazem os namorados de taxi, as que se ofendem em rachar as despesas (fora as do motel né? peloamordeDeus!) e as que não tem escrúpulos para gastar o suado dinheirinho alheio mas não tão alheio assim, estão a um passo das minhas colegas de fila...
Não?

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