domingo, 28 de novembro de 2010

Tem um compartimento secreto na memória destinado à música baiana.

Eu tive uma fase Daniela Mercury na minha infância, em que eu brincava com meus primos de show e eu sempre era a Daniela Mercury, ai eu ficava cantando “A cor dessa cidade sou eu! O canto dessa cidade é meu!”, abrindo os braços no meio da sala lá de casa, com o cabelão balançando pra lá e pra cá...
Depois veio a fase Banda Eva na adolescência. Ivete conquistou meu coração com o axé... E eu confesso que essas músicas embalaram umas paixões platônicas e absurdas que eu tive.
Até fui num show da Ivete no Axé Brasil, com as minhas amigas do colégio...
Mas ai o tempo passou, o meu gosto diversificou, o axé ficou diferente, veio o samba, o soul, o jazz, o samba-rock e os CDs das minhas divas ficaram num cantinho empoeirado da estante, muito mal acompanhados de algumas porcarias que eu escutava (confesso aqui em segredo: Spice Girls, Sandy e Junior, Natalie Inbruglia, Shakira, e... hummm... Backstreet Boys pronto, falei).
Ai outro dia decidi resgatar essa fase. Peguei o CD “Banda Eva Ao Vivo”, levei pro carro e coloquei pra ouvir... Comecei a ouvir os primeiros acordes e me dei conta de que eu sabia de cor (e lembrava!) absolutamente todas as letras. No final de cada música, eu pressentia os primeiros acordes e as frases da próxima canção. Tem um compartimento secreto na minha memória destinado à música baiana. É uma coisa impressionante.
E desde então tô escutando a Banda Eva direto... Quando vou correr na barragem , me divirto com “Levada Louca”. No trânsito, nada tira a minha paciência quando começa: “Eu não posso deixar que o tempo te leve jamais para longe de mim! Pois o nosso romance, minha vida, é tão lindo! És quem manda e desmanda nesse coração que só bate em razão de te amar, daria o mundo a você se preciso...”.
E agora caminhando pro trabalho, dentro do ônibus e até andando de bicicleta lá em Bonfim outro dia, o que se revelou um perigo quando tentei um ziguezague no ritmo do batuque... “Não vou deixar, vou me revelar pra esse amor”.
Algumas falam do amor que se foi, do amor eterno, do amor não correspondido, da paixão, do tesão... Outras soam como um recado perfeito.
Mas são elas que têm embalado, na melhor trilha sonora possível, meu atual momento.

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